terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cinco euros de abrigo

"É prá chuba, é prá chubaaaa! Cinco euros prá chubaaaa! É prá chuba, é prá chubaaaa!"

Alerto para o gravíssimo facto de podermos estar perante a existência de uma evidente concertação de preços entre os vendedores de guarda-chuvas da baixa do Porto, violando claramente o Direito da Concorrência. Aliás, uma concertação de preços e uma concertação de pregões!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reduzir + reutilizar + reciclar + reaproveitar

Os quatro R's transformados em objectos de design do nosso dia-a-dia, em exposição até ao início de Janeiro, num edifício doente e absolutamente fantástico em plena Avenida dos Aliados. Depois de ver tantas, boas e baratas soluções decorativas, apetece colocá-las todas em prática e deixar de ir ao IKEA.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Toca a comprar as pencas ao sr Manel!


E nós, o que temos feito para apoiar a agricultura da nossa região e do nosso pais?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O horror!

O maior sismo em Portugal desde 1969 encheu as home pages de todos os jornais online e foi motivo para criarem dossiers especiais, uma vez mais, sobre a não notícia. Ninguém morreu, ninguém ficou ferido e nenhuma casa ficou danificada. Quiçá, daqui a alguns dias haja a derrocada de mais uma falésia algarvia. E, tal como eu, o sono da maioria dos portugueses nem sequer foi posto em causa. Perturbada ficou a cegonha Renata com tão terrível acontecimento! Devo avisar desde já que as imagens que se seguem podem ferir a susceptibilidade dos leitores.

Felizes para sempre

Já somos um país civilizado e de vanguarda. Toca a encher as conservatórias (as igrejas serão uma questão de tempo) e casar com quem nos apetecer. Bom, não será bem assim, é preciso que o outro também o queira! Ah e nada de adoptar crianças! Era bom, era... Se quiserem crianças, pois que as façam!

"Propaganda Sentimental", Governo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

PR1 do Corno do Bico

Corno do Bico
Sobe-se facilmente por caminhos pouco acentuados e relativamente bem sinalizados. Saltam-se poças e contornam-se caminhos enlameados pelas chuvas recentes. Repira-se um ar fresco e puro, e um sol enevoado vai nos aquecendo o corpo. As folhas secas estalam debaixo dos nossos pés. Os cogumelos começam a morrer, sinal do frio que já se sente. O bosque está acastanhado e sem vida. Vêem-se pegadas de javalis e de outros mamíferos difíceis de decifrar. Uma colónia de abelhas faz a sua colmeia numa torre de observação abandonada. Lá em baixo estende-se uma manta retalhada de prados verdes e muros negros. No horizonte avista-se o Atlântico, os rios Minho e Lima, a serra de Arga, a imponente Peneda e tantas outras serras sem-nome. Experimentam-se aberturas de diafragma, profundidades de campo e registam-se momentos de cumplicidade a dois. Mais uma hora e ficamos sem luz. É hora de regressar. Espera-nos uma "Ínsua de Caminha", bem docinha, saboreada com muito prazer na confeiteira da praça principal da vila homónima.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Músicas de fazer arrepiar - 12

Caminham os três sem destino sobre a areia branca da praia. Pelo caminho tropeçam com um ribeiro, que os obriga a procurar a margem mais estreita para atravessá-lo e continuar com a deambulação. Um clique musical desperta na minha mente e canto em silêncio e em repetição até o dia terminar.

"By this River", Brian Eno

Os animais de cristal

Jardim Zoológico de Cristal, Maria do Céu Ribeiro
Há um ano atrás surpreendi-me com a performance da actriz Maria do Céu Ribeiro. Um ano depois arrepio-me com a sua performance em palco, desta vez na peça "Jardim Zoológico de Cristal", encarnando a amargurada Amanda Wingfield, personagem da peça do Tennessee Williams. As cerca de duas horas da peça passaram a correr. A personificação das personagens pelos quatro actores e a acolhedora sala do Estúdio Zero ajudaram, e muito, a mergulharmos de cabeça nesta dura história familiar. Já fazia tempo que não saía de uma sala de teatro tão satisfeito! A não perder.

Vivenda Valença

Vivenda Valença

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mudos

O Gabinete do Dr Caligari
Sem razões suficientemente fortes que justifiquem uma ida às salas de cinema, volto-me para outras salas: a do bar Passos Manuel, a sala Suggia da Casa da Música e a sala de Espinhaço.
Nas duas primeiras assisto aos primórdios do cinema mudo, "O Gabinete do Dr. Caligari" e "Metrópolis", muito bem orquestradas, respectivamente, pelo "Ensemble 343" e pelo "Remix Ensemble". Fico fascinado pelos cenários expressionistas de cartão do "Dr Caligari" e arrepiado pela linguagem dramática das suas personagens. Revejo finalmente "Metrópolis" em grande ecrã e fico hipnotizado pelos olhos da actriz principal.
Na sala de Espinhaço, monta-se projector e vêem-se filmes de três minutos cada, igualmente mudos, mas interrompidos pelos comentários e risos entusiasmados de quem se vê projectado com menos 25 anos de idade.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pilas tesas e belas ratas

A gerência pede desculpa às cerca de 40 visitas mensais que cá chegam porque pesquisaram no google a expressão "pilas tesas" ou "belas ratas". De facto é criar demasiadas expectativas, muito acima do que este blog pode proporcionar para satisfazer os prazeres solitários da noite.

Ventos luminosos

Um dia rumarei para norte, apanharei vários aviões e transportes terrestres, vestirei a roupa mais quente que tiver e ficarei à espera que os ventos solares soprem fortes e apareçam no céu escuro em forma de auroras boreais e que invadam os meus sentidos com as suas luzes, cores e formas mágicas. E o silêncio...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mais alimentos para todos

Banco Alimentar
Neste fim de semana não se esqueçam de passar por um supermercado e ajudarem este projecto. Basta um pacote de arroz ou uma lata de feijão e dez minutos do nosso tempo. É muito pouco para nós e é muito para quem precisa. E pode ser que esse pacote ou essa lata ainda passe pelas minhas mãos ;)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O bolo de amêndoa que não leva farinha

O bolo de amêndoa
Descobri que não é fácil partir amêndoas. É preciso ter pontaria e os vizinhos não ficarem aborrecidos com o martelar ruidoso! Mas valerá a pena certamente.
Entretanto não decidi esperar pelo momento mais oportuno para fazer tão constrangedora tarefa. Fui ao supermercado e comprei aquelas amêndoas já descascadinhas. Basta abrir o saco de plástico, picá-las na 123 e temos pronto o principal ingrediente do tal bolo misterioso que não leva farinha. São necessários 300 gramas. À parte misturam-se 7 gemas de ovos com 250 gramas de açúcar, até fazer uma mistura cremosa. De seguida juntam-se as amêndoas aos pouquinhos. Por fim, envolvem-se as claras dos ovos previamente batidas em castelo. E, voilà, temos a massa pronta! Liga-se o forno uns minutinhos para aquecer, coloca-se a massa numa forma untada com manteiga e polvilhada com farinha, leva-se ao forno e é esperar que fiquei cozido. Não se esqueçam do palito para ver se está cozido por dentro. Depois é só arrefecer, desenformar e preparar as papilas gustativas.
Bom, não me saí muito mal na estreia do primeiro bolo confeccionado por mim* (aqueles em que se compra a massa no supermercado não contam!!). E ainda bem, ou não tivesse a responsabilidade acrescida de ser um bolo de aniversário!!

* a meias com o Wineboy!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A pomba-galinha da paz

A pomba-galinha da paz
Nas inúmeras praias percorridas, nunca tropecei numa garrafa de vidro com uma mensagem lá dentro. E não foi por falta de desejo! Sonhei vezes sem conta em encontrar uma mensagem escrita por alguém de lá longe, numa língua estranha que me obrigaria a consultar dicionários e gramáticas para decifrar o seu conteúdo. Algo de mágico e romântico. Ah, mas isso só acontece nos filmes, sempre pensei eu! Até que, há umas semanas atrás, em pleno rebuliço da rua Santa Catarina em plena hora de ponta comercial, uma rapariga anónima entrega-me uma garrafa de plástico, atada com um fio e com um desenho de uma espécie de pomba-galinha, suponho que simbolizando a paz. Sorri, partilhei a surpresa com as minhas colegas de trabalho e enchi-me de boa disposição pelo inesperado.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Micas da manta laranja

Micas da manta laranja
Depois do sol veio a chuva e depois da chuva veio o sol. Entretanto assisti às curtas de Agnès Varda que correram a cidade; subi e desci as calçadas antigas do centro histórico de cabeça no ar; fiquei sem internet em casa e o telemóvel avariou (devo ter cá uma sorte com os telemóveis... cinco em oito anos!!!); fui ver as novas exposições do CPF; a tampa da sanita lá de casa foi finalmente substituída; encontrei amigos na rua e fui lanchar com eles; recebi uma prenda fantástica que me fez voltar a usar a máquina fotográfica no caminho para o trabalho (muito obrigado pais!); respirei os novos ares que andam a renovar a cidade; descobri a Márcia e fiquei encantado (obrigado mais uma vez, meu caro Daniel!); vasculhei tudo em busca de um cd com fotos importantes e ainda não encontrei (é para eu aprender a ser mais organizado...); liguei o aquecimento pela primeira vez; comi muitas castanhas rodeado de bons amigos; provei os cinco Olho no Pé que estão quase a serem lançados; a chuva sem parar não afectou negativamente o meu estado de espírito que anda quase primaveril; simpatizei com o Carlos do filme "Os Sorrisos do Destino"; fiz playback de músicas dos filmes do Almodóvar; as tulipas cresceram a olhos vistos; participei num concurso de fotografia e não ganhei nada; sonhei com paisagens sobre o casario velho da cidade; comprei camisolas mais quentes; estraguei um guarda-chuva; comovi-me quando as pequenas mãos da Júlia agarraram os meus óculos; inscrevi-me no Banco Alimentar; e a Micas voltou a dormir no meio de nós.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Boletim meteorológico

Micas e o colchão
"... períodos de chuva, vento moderado e descida da temperatura mínima..."

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Músicas de fazer arrepiar - 11

Sábado à noite, como a Esteva bem disse, fomos à missa. Mas não para ouvirmos um sermão ou expiarmos hipocritamente os nossos pecados. As palavras foram outras; sábias e muito mais intemporais que os escritos bíblicos. Os sons foram muito mais alegres e melódicos que os cantos religiosos monocórdicos que enchem as paróquias desse Portugal profundo.
Fausto, Sérgio Godinho e José Mário Branco não estão fora de moda. Tal como a liberdade não está fora de moda. Encheram duas vezes o Coliseu do Porto e, pelas manifestações que pude assistir, parece que encantaram, alegraram e insuflaram o moral de muitos. Eu cá arrepiei-me (e muito!) com as suas vozes, balancei com os seus ritmos e senti-me feliz por poder partilhar aqueles momentos com algumas das pessoas que preenchem o meu coração.

"A Ouro e Prata", Fausto

"Que força é essa", Sérgio Godinho

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", José Mário Branco

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Até ao lavar...

Até ao lavar...
... dos lagares e da prensa é vindima! Depois de lavados, tempo para voltar a contemplar serenamente as nuvens que sorrateiramente tapam e destapam os montes, para apanhar medronhos coloridos, acender a lareira e fazer uma deliciosa arrozada de frades (são cogumelos, apanhados ali mesmo entre as vinhas). Viva o outono!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A festa da animação


Contam-se pelos dedos das mãos os dias em que a Casa da Animação está aberta ao público para visionamento de filmes, por isso até ao próximo domingo toca a ir até lá! Estão previstos dezenas de filmes dos mais variados cantos do mundo, no âmbito da Festa Mundial da Animação. Eu já fui e esbocei grandes sorrisos consecutivos ao ver a curta que vos apresento mais acima ;)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

As vidas de Tónia e Agnès

Morrer como um homem
As praias de Agnès
Dois serões consecutivos de cinema deram-me a conhecer a história das vidas de duas mulheres, Tónia e Agnès.

Tónia é uma travesti da noite lisboeta e uma transexual com um processo de mudança de sexo em curso. Se o palco dá-lhe sucesso e momentos de felicidade, cá fora impera a solidão, a rejeição e a ânsia de quem quer amar e ser amada. O seu coração maternal fá-la perdoar os tormentos passados com a imaturidade do seu jovem namorado e acolher qualquer animal abandonado que se cruze com ela. É uma personagem ficcional, inventada pelo João Pedro Rodrigues mas inspirada livremente nesse mito das plumas que foi Ruth Bryden. "Morrer como um homem" é mais uma história filmada de uma forma surpreendente, por um realizador nada convencional. Desta vez dei por mim a não conseguir reter uma lágrima e a ficar bastante comovido com algumas das suas passagens. E que delícia onírica foi aquela apanha de gambuzinos, no meio de eucaliptos e mimosas!

Agnès é Agnès Varda. Ela mesma, a reparadora de redes de pesca, a fotógrafa, a realizadora, a costureira, a artista plástica, filha, mãe, avó, companheira, amiga, activista e tanta coisa mais. Ao chegar aos 80 anos de idade decidiu fazer um documentário sobre a sua longa vida. Um testemunho para deixar aos seus descendentes que, segundo ela, talvez não a conheçam na sua amplitude. Assim, surgiu "As praias de Agnès" porque os momentos mais significativos da sua vida passaram-se junto de praias. Que privilégio foi poder assistir a tão belo filme, repleto de momentos poéticos, que nos fazem sorrir vezes sem conta ou sentir aqueles arrepiozinhos de emoção. E melhor ainda foi poder vê-la ao vivo, a poucos centímetros de distância, de câmara na mão entre os espectadores, e escutar as palavras de quem viveu uma vida repleta de emoções e afectos. O problema é que agora apetece-me ver toda a sua filmografia e o Porto ainda não tem cinemateca, apesar das promessas e promessas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Porno na adega

No frenesim báquico de uma adega em tempo de vindimas, por vezes o pensamento descai-nos para estas coisas: que nomes ou expressões poderiam ser usados num filme porno gravado numa adega? Aqui vão alguns que me passaram pela cabeça:

"Aperta-me o gargalo"
"Orgia no lagar"
"Agarra-me no pipo"
"Toca-me no cacho"
"Prensa-me o engaço"
"Transfega-me todo"
"O teu macaco é maior que o meu"*

Aceitam-se mais sugestões! ;)

* Para quem não sabe o que é um macaco, posso tranquilizar-vos dizendo que é um instrumento feito de madeira que permite remover o mosto nos lagares.

domingo, 18 de outubro de 2009

12x Berlim

12x Berlim

Post-it cinematográfico

Em vésperas do arranque de mais uma Festa do Cinema Francês cá pelo burgo, tempo de apontar os filmes que não posso perder:

- Les Plages d'Agnès Varda (da Agnès Varda, pois está claro), dia 20 de Out;
- Parlez-moi de la pluie (da outra Agnès, a Jaoui), dia 25 de Out.

Já agora, agradecia-se que "Boxes", da senhorita Jane Birkin, passasse por estas bandas.

sábado, 17 de outubro de 2009

O amor pelas coisas belas v2.0

Bom, acho que já devem ter reparado que esta casa anda em pinturas e arrumações. Quase dois anos depois do seu início, "O amor pelas coisas belas" estava a precisar de uma lufada de ar fresco. Não estranhem se algumas coisas ainda não estiverem a funcionar ou se as páginas aparecerem um pouco estranhas. Aos poucos tudo será corrigido. Estejam atentos porque os próximos dias trarão ainda mais novidades.


Será que alguém ainda lê isto?...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bagas de Berlim

Bagas de Berlim
Mauerpark, Ernst-Thälmann-Park, Volkspark Friedrichshain, Märchenbrunnen, Tiergarten, Monbijoupark, Görlitzer Park, Treptower Park e Plänterwald. As ruas e jardins cobrem-se de folhas secas, de castanhas e bolotas que vão estalando debaixo dos nossos pés. Os corvos e os esquilos espreitam atrevidamente à nossa passagem. E as bagas enchem os arbustos de um colorido sem par. Isto sim é Outono!

domingo, 11 de outubro de 2009

Berlim mobiles

Berlim mobiles
Em terra de bicicletas e segways, são os velhinhos automóveis movidos a combustíveis fósseis que captam a nossa atenção. E o novo Trabi eléctrico, quando chega às estradas?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A sinfonia da minha Berlim

Auto-retrato berlinês
Auto-retrato berlinês

A minha Berlim é feita de quilométricas caminhadas solitárias e sem destino por ruas e avenidas de tamanho xxl; de coloridas bagas apanhadas nos jardins amarelecidos pela estação; do aconchego das carruagens do u-bahn que mais parecem a sala de estar das nossas avós; da deliciosa maçaroca de milho doce devorada debaixo de chuva, comprada no meio do corropio de sons e cheiros do mercado turco; dos piropos recebidos de uma puta enquanto bebia contente o seu Capri-Sonne; da ausência de zebras para atravessar as ruas; das horas passadas a vasculhar as bancas dos mercados de antiguidades, nos quais as crianças vão com os seus pais vender os brinquedos que já não querem; dos bonecos dos semáforos dos peões, sempre aperaltados com os seus chapéus; do acolhedor mini-apartamento com vista para o jardim das traseiras; da currywurst comida em frente da Porta de Brandenburgo, enquanto assistia aos festejos do Dia da Alemanha com o alto patrocínio da Coca-cola; pela surpresa constante de encontrar mais um belo grafitti, superando todos os outros anteriormente encontrados; de um céu estrelado que julgava ser impossível de ser visto numa cidade; do prazer de ver a obra de Pierre et Gilles a poucos centímetros de distância de mim; da vontade de aprender alemão para ler tudo o que me rodeia; da minha busca por um anjo que nunca encontrei; do arrepio sentido ao contemplar a grandiosa Porta de Ishtar, uma das oito entradas da antiga cidade da Babilónia; da companhia das árvores, sempre presentes seja para que lado nos viremos; das mantas que aquecem as pernas de quem teima preferir as agradáveis esplanadas ao interior dos igualmente agradáveis cafés; das singulares lojas de Prenzlauer Berg e Friedrichshain espreitadas vezes sem conta; das imponências esmagadoras da soviética Karl-Marx-Allee, da burguesa Unter den Linden e da hi-tech Postdamer Platz; das flores cheiradas nas floristas geridas pelos chineses; da angústia sentida na sombria Torre do Holocausto, do Jüdisches Museum; da fonte dos contos de fadas, de Märchenbrunnen, iluminada pelo luar; e da sensação de liberdade e de saudade sentida. Entranha-se e muito!

domingo, 27 de setembro de 2009

Nuvem 9


Não é preciso saber alemão para compreender o que se passa. Inge já passou dos sessenta, está casada há 30 anos, tem uma filha e dois netos. Karl tem 76 anos e está sozinho. Eles apaixonam-se um pelo outro, amam-se e são novamente adolescentes. Ele conta-lhe uma anedota e ela ri-se sem parar.
"Wolke 9"* é uma história de amor sénior, em nada diferente das histórias de amor e paixão de outras idades; com as mesmas alegrias, os mesmos estados, os mesmos dilemas e os mesmos sofrimentos. Um excelente instrumento de combate a preconceitos geriátricos.
De regresso a casa coloquei a "Glória", dos Sétima Legião, a tocar em loop no autorádio. Perfeito!


* Ridiculamente traduzido para português para "Nunca é tarde demais para amar".

sábado, 26 de setembro de 2009

"Heart skipped a beat"...


... dos The XX

Como é possível não ficar viciado com músicas assim?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Adeus Verão, olá Outono!

Não há razões para ficar triste e entrar em depressão outonal. É certo que as andorinhas já partiram mas está a chegar o colorido das folhas secas das árvores e das vinhas; o sabor das castanhas assadas e dos deliciosos dióspiros (prometo partilhar uma receita em breve); as sombras das nuvens e a luz dura que farão avivar as cores e os contrastes das fotografias; os serões com a lareira acesa; o regresso dos encontros pantagruélicos com os amigos; os sucessivos feriados e fins de semana prolongados; e as noites agarradinhas ao nosso gajo, debaixo de um edredon bem quentinho!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Descascar

Descascar amêndoas
Hoje, ao descascar amêndoas pela primeira vez, recuei aos tempos em que me sentava alegremente à volta de uma mesa, na companhia da minhã mãe, irmã e pai, para o ritual de descascar ervilhas. Mas isso já pertence a um passado longínquo e exótico, comparável aos finais de tarde de sábado passados a assistir o Buck Rogers ou o Espaço 1999. Agora elas compram-se descascadas, congeladas e prontas a colocar no tacho.
Quanto às amêndoas, o próximo passo é secá-las ao sol e parti-las cuidadosamente para usar o seu saboroso recheio num rico bolo. Ups! E não é que me esqueci da receita?!

Curvas e contracurvas

Curvas e contracurvas
As curvas dos socalcos e das estradas, o cheiro a mosto, as cores ocre da paisagem, os nomes das estações de caminho de ferro, os sabores da fruta, os silêncios dos vales, os sons dos pássaros e o calor da terra vão-se tornando familiares e fazendo cada vez mais parte de mim. Em mais uma escapadela relâmpago para o colo do "mais que tudo", tempo ainda para rir muito e sentir o abraço que encurta distâncias e une afectos de quem está longe e de quem não me importaria ter como vizinhas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Gare de Austerlitz


"Gare de Austerlitz", José Mario Branco

Há quase quarenta anos atrás eram estes os sons que se podiam escutar na Gare de Austerlitz. E hoje, como serão esses sons? Serão assim tão diferentes?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Três ingredientes que fazem o verão ser verão

1) O som reconfortante das cigarras;
2) A mistura de odores de protector solar, sal e suor emanados pelo corpo nos primeiros segundos do duche, depois de um dia passado na praia;
3) As trovoadas de fim de estação, que nos agitam e revigoram a alma!

Los abrazos rotos y sentidos

Los abrazos rotos
A crítica parece que não gostou. Dizem que estamos perante mais do mesmo mas sem a pujança de outras criações suas. A mim não me desiludiu. É certo que não inovou e que já se fazem sentir as saudades da irreverência dos tempos da sua juventude. Porém, não podemos negar a riqueza de vários planos de câmara, de referências inteligentemente subtis e de belíssimos momentos, que perduram na memória depois da saída da sala de cinema. Os meus olhos até humedeceram perante tais momentos de ternura novelesca. E que oportunos foram os sons de "Werewolf" cantados pela senhorita Marshall! Bom, bom teria sido ver esta película num cinemazito de um qualquer pueblo de Lanzarote e de seguida dormir embalado pelo som desses ventos atrevidos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Alentejo roads

Alentejo roads

Pelas estradas do Alentejo, ao som de "Shelter" dos "The XX"

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

Um autómato brilhante

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Esta semana fui um autómato brilhante! Trabalhei por três pessoas, não tive pausas para respirar, esvaziei-me de pensamentos e de sentimentos, deixei de ser mim mesmo, fui contra os meus princípios laborais, trabalhei horas extra não remuneradas, encurtei à minha hora de almoço, ajudei colegas, atendi o telefone dezenas de vezes, respondi a centenas de emails, repeti e repeti e repeti vezes sem conta as mesmas tarefas, não reclamei, ouvi reclamações e sempre sem parar. E o mais curioso disto tudo é que nem se devem ter dado conta do meu esforço.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

domingo, 30 de agosto de 2009

Say Numão

Say Numão
(Em Freixo de Numão, no Castelo de Numão e na Estação Arqueológica do Prazo)

Indo eu, indo eu...

Indo eu, indo eu...
Indo eu, indo eu
A caminho do Pinhão
Indo eu, indo eu
A caminho do lindão...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cabelos

Cabelos 1
Eles podem ser loiros, castanhos, pretos, ruivos, brancos, ondulados, volumosos, encaracolados, cacheados, espetados, lisos, curtos, compridos, entrançados, pintados, naturais, secos, brilhantes, suaves, ásperos, normais, oleosos, finos, grossos e um sem fim de características e feitios.
Eu comecei com ele bem preto, passou de liso a uns caracóis à Marco Paulo e foi-se alisando à medida que a infância se despedia. Na adolescência a risca ao lado foi dando lugar a popa e a um cabelo sem sentido único. Um champô de supermercado desidratou-me o couro cabeludo e as mazelas perduraram até hoje. Depois eles foram crescendo, crescendo, ficando rebeldes, até que um dia consegui apanhá-los num rabo de cavalo. Foi com eles soltos que andei pela primeira vez de moto. Um dia cansei-me e cortei. Desde então o seu tamanho tem flutuado à medida da minha preguiça para me sentar na cadeira do cabeleireiro. Entretanto os anos foram passando e os cabelos foram-se acumulando, cada vez em maior número, no ralo da banheira. As brancas deixaram de se poder contar pelos dedos e dizem que vou ficar um grisalho charmoso. Outros dizem que ficarei careca muito antes. Apenas sei que entro em estado zen quando me tocam neles e que ficaria horas e horas a receber carícias no couro cabeludo.
Cabelos 2

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Por terras do Lourinhanosaurus

Por terras do Lourinhanosaurus
A região do Oeste - e mais concretamente o eixo Lourinhã-Peniche-Atouguia da Baleia - é feita de nevoeiros intensos, de brisas marinhas, do avistamento das Berlengas entre o nevoeiro, de volkswagens pão-de-forma estacionadas nas falésias, de mares esverdeados, de surfistas em busca do melhor tubo, de casamentos na praia, de mercados coloridos, de plantações de abóboras, de dinossauros com nomes portugueses, da casa da Atalaia, de pêras-rochas colhidas das árvores, de bandas filarmónicas a tocar músicas dos ABBA, de sinos de igreja que tocam de madrugada, de horas à volta da mesa a comer mariscos e peixes frescos e dos sorrisos dos amigos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Douro apontado e o scanner surpresa

Douro apontado
Um belo final de tarde chego a casa e tenho um scanner à porta. Quase que era surpresa mas o prazer de recebê-lo não diminuiu por causa disso. Wineboy é o responsável por esta muito agradável marotice que me fará, finalmente, trabalhar e partilhar algumas das fotos registadas em película tiradas nos últimos tempos.
Agora é tempo de perceber as técnicas e truques que estão por trás de uma tarefa que, à partida, não parecia tão complexa. Como garantir uma digitalização de negativos a p&b de grande qualidade eis a questão que ainda não consegui resolver. Alguém me dá uma ajuda?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Corrosão diária

Maldita rotina diária que nos corrói a alma, que nos esvazia e nos deixa inertes!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

La piovra

La piovra Ryanair
É Agosto mas ninguém diria. As temperaturas andam tímidas e as ruas do Porto desta vez não esvaziaram. Aos residentes desempregados e aos que não foram de férias pró Algarve, juntam-se turistas e mais turistas que enchem becos, vielas, praças, restaurantes, esplanadas, passeios, igrejas, estações e qualquer metro quadrado de um centro histórico em acelerada renovação. Eles são franceses, ingleses, espanhóis, italianos, alemães, suecos, americanos, malta a falar línguas eslavas e fotógrafos compulsivos de olhos rasgados.
É o polvo Ryanair em acção, para o bem e para o mal, recém instalado no Sá Carneiro (quem teve a infeliz ideia de dar o nome de um gajo que morreu num acidente de aviação a um aeroporto?!) e cujos tentáculos não param de crescer.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Modo Sassetti

Entrei oficialmente em modo Sassetti até ao concerto de sábado à noite. Espero que seja o meu grande concerto de Verão!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Três anos de Micas

Três anos de Micas
Três anos passaram desde a chegada da sedutora ao lar da praceta. Com ela vieram também os mimos, os ronrons, os seus olhos vivos e marotos, as corridas e as escondidas, os tufos de pêlo, os cocós mal cheirosos, as preguicites entre lençóis, os miados desesperados a pedir comida mesmo tendo a gamela cheia, as unhas afiadas, os pêlos na roupa, os colos quentinhos, os mais variados objectos escondidos debaixo do frigorífico, as plantas ratadas (ou serão gatadas?), as lambidelas na cortina da casa de banho, as teimosias, os pêlos eriçados e o seu humor temperamental. Como é possível ficarmos indiferentes aos seus encantos?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Que força é essa que trazes nos braços..." (parte 2)

Cabeço Santo - Parte 2
Já passou um ano e meio desde a minha primeira participação no projecto do Cabeço Santo. Desta vez somos seis voluntários. Não cabemos confortavelmente na pick-up que nos leva lá acima. Eu e a Esteva acomodamo-nos na caixa aberta e somos embalados pelo vento e pelo piso irregular. Missão: eliminar à tesourada e à pazada eucaliptos e acácias que crescem descontroladamente, atrofiando os medronheiros e outras plantinhas que vão sobrevivendo ao meu cepticismo. Wine boy vai dizendo que nunca matou tantas plantinhas em toda a sua vida. Mas é por uma boa causa!
O calor é impiedoso e na verdade os trabalhos ficam-se pela manhã. Almoça-se na abandonada Casa de Santa Margarida e fotografam-se salas abandonadas à fúria do passado.
A tarde foi passada a dar uns kisses, a observar o trabalho a desenvolvido por outras equipas e conhecer o carvalhal tantas vezes mencionado, resultado do esforço de alguém admirável que investiu (e investe) tempo, trabalho e dinheiro para alcançar o seu sonho.
A noite foi passada à volta da mesa de jantar, acompanhada por agradáveis amigos, regada com "quase" Olho no Pé e iluminada por serenos pirilampos.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Post #400

O tempo que demora a percorrer a pé a distância que separa a Casa da Música da porta do meu emprego é precisamente o tempo que demora a escutar o novo álbum da Jane Birkin. Perfeito!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aldeias Sonoras

Parem um pouco os vossos afazeres e escutem por breves instantes os sons que fazem as nossas aldeias, tão diferentes daqueles que nos habituamos a escutar no lufa-lufa diário por paisagens urbanas e suburbanas.
Hoje à noite rumo para mais uma escapadela rural, tranquila e revigorante, que me fará voltar a ter vontade de regressar à urbe!
Ah, parabéns a este brilhante projecto !


Aldeia de Covas do Rio: Andorinhas no largo da capela

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Aldeia do Fujaco: Cigarras matinais

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Aldeia de Covas do Monte: Sino e avião

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Aldeia de Moldes: Casal corta erva

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Lugar do Campo Grande: Ribeiro do Pego

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Aldeia de Covas do Monte: Cabritos e pássaros

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Xi-coração

Xi-coração
E se, de repente, um desconhecido deixa cair no chão um amor feito de cartão?

Saiam das gaiolas e venham para a rua!

4ª Marcha do Orgulho LGBT do Porto
Segundo a PSP éramos cerca de mil pessoas. Enchemos as ruas do Porto de palavras de ordem, de alegria, de cores, de música e de emoção. Adultos, jovens, crianças, bebés e alguns cães juntaram-se à festa! A Rua de Santa Catarina foi pequena para acolher-nos. O vento foi nosso amigo e o bandeirão aguentou-se sem grandes rasgões. O meu balão fugiu no início e nunca mais regressou. Enchi-me de orgulho e por momentos imaginei que vivíamos num mundo perfeito, apesar das palavras de ordem dizerem o contrário. Não tenho fotos porque tive a infeliz ideia de levar a câmara analógica e ainda por cima com rolo a p&b!

Natureza em curso

Música em loop a tocar vezes sem conta no velhinho autorádio do fifi, depois de ter-me confrontado mais uma vez com a morte, desta vez de um esquelético gato que não sobreviveu aos cuidados de quem quis salvá-lo e encher a sua vida de amor. Faz tempo que percebi que amar, por si só, não basta para salvarmos seja o que for, mas não consigo deixar de ficar triste.

Natural Disaster - Andrew Bird

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"Direction: Hospital de São João"

Estação de Metro de João de Deus, 9:05. Quero recarregar o meu "Andante" mas as máquinas não aceitam pagamento através de cartão. Tenho de apressar os trocos para poder entrar no veículo que se aproxima estridentemente do cais de embarque. Lá dentro o ar condicionado está regulado para temperaturas dos trópicos. Tento desembaraçar o novelo de fios dos fones do meu mp3. Uma mulher, lá no alto dos seus tacões, fala nervosamente ao telemóvel com a suposta amante do seu marido. "Puta" é uma palavra repetida vezes sem conta. Outra mulher desabafa com a sua amiga "Eles dão muito trabalho, mas foda-se!...", observando orgulhosamente o seu pequenote, para quem o mundo é uma realidade a brincar. Finalmente consigo ouvir "Nocturno", do Sassetti. Arrepio-me! As ondas agitam o rio recordando que, daqui prá frente, já será difícil ir para a praia sem corrermos o risco de trazer um quilo de areia nos bolsos e nos poros da pele. Chego à minha estação. Escadas e mais escadas. A rua. Lojas e mais lojas. Começa mais um dia de trabalho.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Claustrofobicamente belo


Uma casa construída à beira de uma autoestrada abandonada, uma família isolada do mundo de "lá de fora", as rotinas serenas, a abertura da autoestrada à circulação, as relações familiares que se deterioram à medida que os carros vão passando em maior número em frente à janela da cozinha, o desespero e incertezas.
"Home - Lar Doce Lar" é uma espécie de comédia, de thriller, de ficção científica, de road-movie, de anti-road-movie, de objecto de arte contemporânea e de ensaio. Recomenda-se vê-lo ao ar livre, de preferência fora de um centro comercial, sob pena da sua violência claustrofóbica perdurar fora da tela por tempo indeterminado.
Venham mais sra. Ursula!

Semana Cultural LGBT 2009

Semana Cultural LGBT 2009
Felicitam-se os promotores pela iniciativa, reclamam-se os horários da programação e recordam-se os tempos de euforia na organização de duas semanas culturais LGBT cá pelo Porto, já no longínquo despertar do século XXI (2001 e 2002?). Venham mais!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Azares premiados

Devia haver um prémio especial para quem numa semana só acerta em apenas um número premiado no boletim do Euromilhões e na semana seguinte também só acerta um número num boletim completo do Totoloto!

terça-feira, 30 de junho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

PHE 09

Uma fugida rápida de 10 horas a Madrid foi suficiente para ver algumas boas exposições da PhotoEspaña, sentir as movimentações em torno dessas mesmas exposições e comprar alguns livritos inspiradores. Destaque para a exposição colectiva ilustradora da vanguarda fotográfica dos anos 70 (Años 70. Fotografía y vida cotidiana), para a exposição retrospectiva de quinze anos de carreira de Annie Leibovitz (Annie Leibovitz. Vida de una fotógrafa.) e do seu belo amor por Susan Sontag e para o sangue novo vindo da América do Sul (Resiliencia). Tantas fotografias passaram pelos meus olhos e não me apeteceu tirar nem uma foto. Mentira, apeteceu-me mas a minha inibição fez-me deixar a máquina na mochila. O arrependimento veio mais tarde. Calcorrei avenidas, ruas, praças e edifícios. A geografia da cidade é-me cada vez mais familiar e já não preciso de mapas para ir da Plaza Colón até Lavapiés! É claro que não deu para ver tudo, nem era essa a intenção, mas saí satisfeito.

Como a chuva que cai do céu


Comme La Pluie - Alex Beaupain

domingo, 28 de junho de 2009

O morto vivo

Nunca gostei do Michael Jackson por causa do "Thriller". Quando era miúdo tapava os ouvidos para não ouvir a sua voz e aquela música assustadora. Para mim ele sempre foi esse monstro e não é porque "foi desta pra melhor" que passei a gostar dele e achá-lo um santo. Tenho dito!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Gavdos

Gavdos
Gavdos é um estado de alma feito de praias desertas; de hipnotizantes águas azuis; de campos por cultivar; de caminhos pedregosos; de aldeias esquecidas; de ruínas e destroços de épocas áureas; de falésias abruptas; de ventos quentes; do perfume das aromáticas; do som das cigarras; da sombra refrescante dos zimbros e cedros; de gatos gulosos; de cabras atrevidas e sem vertigens; de insectos tamanho XL; de peixinhos brincalhões; de seres errantes em busca de água doce; de boleias inesperadas e pertinentes; da comida deliciosa da Gogo; da simpática Lili e dos seus conselhos úteis; de barcos que podem não chegar ou partir; de candeeiros a petróleo que iluminam a noite; de luas cheias que nascem no mar; de estrelas cadentes; de fogueiras na praia; de silêncios; de ausências de compromissos. Absolutamente mágico e viciante!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A partida ansiada

A partida ansiada
Χώρα Σφακίων, 6feira, 11:30 da manhã. De repente a vila desperta da sua preguiça. O pequeno cais enche-se de mochilas, arpões de pesca submarina, tendas e largas centenas de quilos de mantimentos. Os carros, motas, camionetas e monta-cargas vão chegando. Pessoas de diferentes proveniências, tons de pele, estaturas e idades fazem fila para comprar o bilhete para o famoso barco Σαμαριά. Sente-se no ar alguma ansiedade. Chega a hora da tão esperada partida para Γαυδος! Meia hora antes ainda não dão certezas de que o barco vá partir. Hipotéticos ventos e ondas podem ser demasiado atrevidos para o fundo plano da embarcação. O sol queima as costas. A tripulação faz malabarismos para que tudo caiba no sítio certo. Tudo pronto para a partida! Contemplam-se as montanhas altas e enrugadas de Κρήτη. Cruzamos o mar da Líbia. O azul das cadeiras, do chão, do céu, do mar e da camisa da senhora de cabelos brancos invade-nos o corpo e a alma. Duas horas e mais qualquer coisa separam-nos do nosso destino. A brisa quente despenteia quem tem cabelo. O barco balança ao ritmo desengonçado das ondas que vêm de oeste. A ilha avista-se lá longe. Wine boy sorri para mim. Sinto-me livre e feliz!

Legenda:
Χώρα Σφακίων - Chora Sfakion
Σαμαριά - Samaria
Γαυδος - Gavdos
Κρήτη - Creta

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Até já


Foreground - Grizzly Bear

Fiquem com esta música e até meados de Junho! Poderão encontrar-me algures no meio do mar da Líbia, isto se entretanto não apanhar a gripe dos porcos num dos vários aeroportos e conseguir chegar até lá ;)

Abaixo os imperialismos!


Foi ontem à noite, nas Terras da Feira. Houve alguns que saíram do espectáculo um pouco húmidos e outros com umas pinturas extra. Eu cá fiquei o espectáculo todo na expectativa de mais emoções fortes, a recordar o encerramento do Fitei de há dez anos atrás, na Avenida dos Aliados. Terão sido mesmo os "Fura" ou a idade já anda a fazer das suas?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Preparativos para as férias:

- comprar uma nova mala com as dimensões exactas de 55x40x20cms, que faça não pagar mais trinta euros por exceder em três centímetros as dimensões permitidas da bagagem de mão;
- escolher minuciosamente os objectos e roupas que vou levar para não exceder os dez quilos do peso da mala;
- fazer uma check-list;
- reler o guia da Lonely Planet pela milionésima vez;
- deixar as contas pagas;
- lavar e passar a roupa;
- comprar umas novas sandálias;
- descarregar os cartões SD da câmara fotográfica;
- carregar baterias da câmara, telemóvel e ipod;
- despedir-me dos amigos e família;
- ir ao cabeleireiro;
- acabar com os restos de comida do frigorífico;
- fazer check-in e imprimir cartões de embarque;
- fazer as últimas pesquisas na net;
- ver o boletim meteorológico para os próximos dias;
- e fazer a depilação às costas!

domingo, 24 de maio de 2009

Excentricidade ou essência?

E se de repente os nossos objectos pessoais coubessem todos numa qualquer mala de 20 quilos e o mundo fosse a nossa casa?

O Indie, os guias turísticos, São Francisco e o suicídio dos pinguins


E de repente há umas imagens que nos passam pela frente e, descontroladamente, ficamos com os olhos humedecidos e com um nó na garganta. Foi o que aconteceu comigo ao visionar este pequeno trecho do filme de encerramento da louvável extensão do Indie cá por estas bandas.
Só não entendo muito bem onde pára o público, que nem sequer encheu a pequena sala improvisada com uns sofás bem retro e muito confortáveis.
Destaco ainda deste festival a "Visita guiada", de Tiago Hespanha, um divertido e ternurento retrato das interpretações e reinterpretações feitas pelos guias turísticos da História de Portugal e do que é isso de se ser português; e o muito belo "Medicine for melancholy", a história de um amor a prazo, com pano de fundo as questões raciais e sociais de uma São Francisco, onde os negros são uma minoria e a especulação imobiliária leva à agonia e desertificação desta mítica cidade.
E não deixo de pensar na razão que leva um pinguim a caminhar indefinidamente para o seu fim...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diálogos de 2feira no ICQ

- "(...) é 2feira e normalmente estamos mais debilitados. É isso..."
- "Sim! Bota debilidade nisso :-( Temos que contrariar esses sentimentos."
- "Vou vingar-me ao almoço e comer uma coisa qq c mtas calorias..."
- "eheheh LOL"

Reencontros

Com as pernas doridas, resultado da apanha intensiva de ervas daninhas no quintal de Espinhaço, lá rumámos a Braga para um repasto agradável na companhia da padeirinha Júlia e de seus pais e para uma breve e decepcionante visita às exposições fotográficas dos Encontros de Imagem. "Pensas que já viste tudo?". Não, não penso. Mas pensava que poderia ver muito mais e gostar do que poderia ver. Mas não foi o caso.
Mas valeu a pena por poder assistir ao momento de ver a Júlia visitar uma das primeiras exposições da sua vida, confortavelmente acolhida no colo do seu pai; pelo passeio entre flores, legumes, abelhas e árvores gigantes dos jardins de Tibães; e por poder matar saudades dos nossos passeios a 4 (agora em diante na versão 4+1).
E porque as coisas belas aparecem quando menos esperamos, vale a pena espreitarem o hall da FNAC de Santa Catarina e deixarem-se levar pelos melancólicos retratos registados por Alexandre Delmar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dark was (is?) the night


Há cds que merecem ser comprados e este é, sem sombra de dúvidas, um desses casos. Mais uma interessante compilação da Red Hot, a juntar-se a outras batidas de outros tempos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Padova: frescos, livrarias e Giacomelli

Padova: grafitti
Padova ficará gravada na minha memória como a cidade onde admirei os frescos do Giotto, onde perdi-me entre estantes e escaparates das livrarias que pululam pelas ruas do centro histórico e onde descobri e comovi-me com as belíssimas fotos de Mario Giacommelli.

Cíes serenas, serenas Cíes

Cíes serenas, serenas Cíes

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eles andam por aí

De óculos de sol, com os pêlos a sair da camisa, ar de macho latino e com o volume do rádio a bombar, eles circulam por todo o lado e marcam a sua presença, como se de xixi de cão se tratasse. Seja na rua da Reboleira, no Porto, ao volante de um carro de suspensão rebaixada e ailerons, seja na Fondamenta Nani, em Veneza, ao volante de uma lancha rápida iluminada com neons azuis.

Mosaico de Venezia

Mosaico de Venezia

La linea gialla

"Treno in arrivo al binario, allontanarsi dalla linea gialla."

De tantas vezes que é repetida, é uma frase que certamente passará despercebida da maioria das pessoas que esperam o seu comboio em qualquer stazione italiana, mas para mim traz-me sempre boas memórias e bons estados de alma.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

OPO-VE

OPO-VE
As horas vão passando desde o meu regresso de mais uma suspensão do quotidiano. É hora de retomas lentas, de apreciações fotográficas e de fazer um balanço de todas as percepções e emoções que ficaram da minha estadia nessa cidade. Uma coisa é certa, à medida que o tempo passa vou querendo-a mais, correndo o risco de se tornar um vício desmesurado. Sim, apesar do vírus turístico que vai destruindo aos poucos as suas veias centrais, mas muito mais aceleradamente que a incontornável subida do nível do mar.

terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ofir --> Barra <--> Cabo Home

Ofir, Barra e Cabo Home
Sol, nuvens, pinhais, preguiça, ternura, peixe grelhado, mar e vento. Foram estes os ingredientes mágicos que nos acompanharam durante o fim de semana comemorativo de liberdades e afectos.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pinhole Atum

Pinhole Atum
Há para todos os tipos, tamanhos e feitios. Há quem as faça com caixas de sapatos, caixas de fósforos, latas de bolachas e até com cascas de noz! Há inúmeras comunidades de pinoleiros, há quem organize workshops temáticos e há quem edite livros ou faça exposições com as fotografias tiradas nessas câmaras artesanais.
Eu cá escolhi uma lata de atum para fazer a minha primeira câmara pinhole. É uma variante da lata de sardinhas, desenvolvida por um aficionado da fotografia. Não foi fácil fazê-la mas quem tem um pai Acácio, tem tudo! Pode não estar visualmente tão apelativa como a da sardinha, mas o que importa é o resultado final!
Já estou preparado para o Dia Mundial da Pinhole, que se comemora no próximo domingo. Resta esperar que o tempo ajude.
Não prometo publicar os resultados para breve, isto porque também queria ser eu a revelar o rolo e ainda não tenho o material para fazê-lo. Mas eu vou dando notícias ;)
Quem quiser juntar-se à malta, sugiro que dêem uma espreitadela a estas belezas. Também não parece fácil montá-las, mas vale a pena tentar.