quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bem manobrado, sim senhor!

O Porto bem manobrado dá nisto. Largos, ruas e baldios do seu centro histórico, habitualmente entregues às gaivotas e à melancolia dos seus habitantes, encheram-se de curiosos para verem o que nos tinham para mostrar. Juntei-me à malta anónima e a algumas caras conhecidas e subi e desci as calçadas até pôr os pés a doer. Ouvi fados aplaudidos pela garra das mulheres da Sé. Descobri projectos de futuras hortas bem ao lado do futuro lar. No grande mercado que assentou arraiais nas imediações do descampado da avenida da ponte, comprei uma geleia de vinho do Porto e fiquei arrependido de não ter levado para casa um casaco retro. Ouvi músicas do mundo no meu miradouro preferido, à sombra de camisas de colarinhos engomados e bem esticadinhos. Assisti ao lançamento de um novo mapa não turístico, feito para turistas (isto é possível?!). Escutei o que tinha para dizer uma turista estrangeira, apaixonada pela cidade, estudiosa dos fenómenos do turismo e receosa das massificações. Visionei testemunhos e desejos feitos de vídeo de quem dá vida ao Porto por que nos deixámos deslumbrar. Sintonizei histórias de novos tripeiros, de diferentes nacionalidades, que multiculturizaram a rua Cimo de Vila. E fiquei triste porque o meu corpo não acompanhou a vontade de querer ver e participar nas outras iniciativas do Manobras no Porto. Quando há mais?!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Porto bem manobrado

O centro histórico do Porto está em festa! De hoje até ao próximo domingo, dezenas de iniciativas culturais, gastronómicas e ecológicas vão encher praças, pracinhas, prédios outrora fechados, pátios e jardins. Alguns terrenos baldios aperaltaram-se e transformaram-se em hortas comunitárias; uma escola fechada há muito reabrirá para workshops para miúdos e graúdos; a Sé irá recordar as feiras que lá se faziam há vários séculos atrás, com uma grande feira de artesanato contemporâneo e objectos retro, que juntará todas as feirinhas da cidade numa só; os piqueniques vão encher jardins mortiços; os gigantones e tambores vão percorrer as velhas calçadas; peças de teatro, video performances e projecções nas fachadas dos edifícios vão surpreender em cada esquina. E ainda por cima, tudo de borla! Quem se junta à malta?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A cidade das árvores da Rachel

Rachel's — City of Trees [F# Slow Chords]

Quinze queers

O Queer Lisboa está aí para quem queira e possa assistir. Eu já lá estive e saí medianamente satisfeito. Muito contente por ver que o festival é levado mesmo a sério e que há público para compor as salas. Menos satisfeito fiquei com a escolha de filmes feita por mim, mas uma viagem de fim de semana não dá para muito mais. Mas, felizmente, foi-nos dada, pela primeira vez, a oportunidade de ver mais uns quantos filmes em competição, independente de onde encontremos. E já agora, umas extensõezinhas, não estão previstas?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Musiquices

A malta mete coisas na cabeça e não há quem as tire. A malta sou eu mesmo e um dia suspirei: "como seria bom ouvir o Fausto ao vivo e ao ar livre, numa noite quente de verão, de uma qualquer vila desse Alentejo caiado de branco". Pois bem, serenamente esse suspiro tornou-se realidade. Parcialmente. Foi na passada 6feira que ele e a sua trupe subiram para um palco montado num jardim, rodeado de outros suspiradores e simpatizantes. O verão ainda cá anda, embora o vento que soprava, mais fazia recordar-nos os dias outonais que vão chegando. E a Amadora é tudo menos uma vila alentejana. Mas nem por isso saí defraudado. Perdoaram-se alguns problemas de som e as distrações do senhor. E recuei vários anos atrás, ao recordar o autorádio a tocar "A ópera mágica do cantor maldito", rumo a lugar incerto mas com o coração certo de amor. E outra trupe, a de amigos, encheu-me de sorrisos e de um bem estar que fez bem. Obrigado J.

"A penumbra da claridade", Fausto Bordalo Dias

A Casa da Ponta (prós amigos)

Quem a viu e quem a vê! Conheci-a maltratada pelo tempo e pelas mãos de quem acha que as casas arrendadas são unicamente dos senhorios. Mesmo assim, o seu charme era visível nas janelas que iluminavam as divisões interiores, nos soalhos longos e firmes, nas divisões amansardadas que pediam umas janelas para observar as estrelas, no seu corredor comprido e largo, nas madeiras pintadas inúmeras vezes, nos sobreviventes relevos do estuque da sala, nas escadas que nos empurram para o sótão e no acarinhado jardim/horta que espreitava lá fora. Anos mais tarde e depois de fins de semana e férias a fio aplicados na sua recuperação, feita a custos milimetricamente controlados e de muitos sacrifícios dos seus donos, eis que ressurge no seu esplendor. A Casa do Mestrinho está pronta para receber quem a queira amar, mesmo que por breves dias, semanas ou meses. Quem a viu e quem a vê!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Amor de j.


"Corre, Salta, Brinca, Vola", Anna Roig i l'ombre de ton chien

Aquesta és una cançó per abans d'anar a dormir,
perquè descansis convençuda de que ets feliç de ser aquí,
que fas bé deixant sortir els teus comentaris espontanis,
que tens raó de deixar els mals oblidats al soterrani.

Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.
Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.

Ara encara ets petitona i no entens ben bé que et dic,
perquè com que ets petitona segur que ja ho fas així.
Però quan creixis, si ensopegues o algú et trenca el cor,
promete'm que continuaràs sent la que res no li fa por.

Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.
Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.

Això t'ho dic, suposo, perquè no et passi com a mi,
que en alguns moments al creixer m'he oblidat de ser així.
Jo el que vull es que els teus ulls dolços brillin sempre com tresorsi que dormis ben tranquil·la i sense preocupacions.

Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.
Corre, salta, brinca, vola i vés pel carrer cantant.
Jo també vaig ser petitona un dia i me n’estava oblidant.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Os novos anfitriões

Dentro em breve os super nice birds e o british bear poliglota darão as boas-vindas e vigiarão o sono de quem escolher o cantinho dos caldas como o seu lar provisório portuense. Alguém se candidata?

domingo, 21 de agosto de 2011

Espectáculos de variedades


Tinha eu nove anos e andava juntamente com a minha prima bastante atarefados a organizar espectáculos familiares, em noites de verão, misturando passagens de modelos e videoclipes em tempo real ao som desta música, sem nunca termos visto o videoclipe "verdadeiro". Até que hoje, mais de duas décadas depois, cruzo-me inesperadamente com ele no facebook. Sabíamos que a palavra "love" andava lá pelo meio e para nós bastava isso para fazer algo de romântico. Agora sorrio :)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Abençoados pela Santa Bárbara dos Tornozelos!

Perre 2
Perre 3
Perre 1

Gostos improváveis

A estação de radio sintonizada ao calhas, as curvas e contracurvas das estradas do Alto Minho que nos embalam dentro do pequeno veículo coreano, o bem estar que nos invade os sentidos depois do passeio à chuva na praia, depois dos risos e das conversas partilhadas a múltiplas vozes e saboreadas entre goladas de chá quente. E de repente, uma música foleiró-arrebatadora transforma-se no hino* improvável de um fim de semana que nos agarra os pensamentos e que promete alojar-se no coração.

*Ó J., tens razão! Este hit não foi comungado por todos os participantes deste fim de semana pelo que terá uma menor importância para a maioria. Mas não deixou de ser um belo momento proporcionado pelo autorádio do Á ;)


"Without you", Mariah Carey

domingo, 10 de julho de 2011

Γαύδος: o regresso

Gavdos 2011
Γαύδος continua igual a si mesma. Dois anos depois, procurámos as diferenças e foi essa conclusão a que chegámos. O tempo continua condicionado pela incerteza da partida ou chegada dos barcos, que podem ficar reféns de um vento oeste quente e agreste. Ai se as nossas nortadas fossem assim! As mesmas noites iluminadas pelas estrelas e pela luz do candeeiro a petróleo. As praias desertas, onde nos podemos refugiar silenciosa e solitariamente durante um dia inteiro. E não é que até uma cama de rede pode ser encontrada debaixo da copa de um zimbro, prontinha a ser ocupada? Os mesmos caminhos aromatizados que nos conduzem perigosamente por mais uma falésia ou nos fazem atravessar antigas aldeias e campos outrora cultivados. Um mar azul sem fim, que nos faz imaginar batalhas travadas e conquistas alcançadas por um sem fim de povos e civilizações. Os mesmos seres errantes que deixaram as suas cidades e empregos de fato e gravata e encontraram novos lares, por tempo indeterminado, construídos com destroços trazidos pelo mar. As centenas de cabras que nos cumprimentam amedrontadamente nos sítios mais improváveis. As cabras estão para Γαύδος como as vacas para os Açores; há sempre uma a fazer contorcionismos. E o mesmo estado de alma, compreendido por muitos que tiveram a oportunidade de conhecer esta ilha, e impossível de explicar por palavras ou fotografias.

Γαύδος - Gavdos

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Os gatos que comem pão

Os gatos que comem pão
Apresento-vos a Kalimera Egípcia, o pequeno Parakalome de orelhas de morcego e a sua atrevida família, sempre pronta para roubar algum pedaço de pão seco esquecido em cima da mesa do pequeno almoço.

κυρίες και κύριοι...


157 milhas náuticas e 8 horas e meia é a distância que separa os portos de Πειραιάς e Σούδα, na ilha de Κρήτη. Diariamente o grande πλοίο F/B Lato cruza mares com muitas histórias para contar, levando consigo as emoções, sonhos, frustrações, rotinas, tristezas, alegrias, ansiedades, crises e tantos outros sentimentos e estados que uma lotação de 1800 passageiros pode abarcar. Os padrões das cortinas e alcatifas revelam as suas rugas, mas nem por isso cumpre a sua função com menos competência. Zarpa com a pontualidade que lhe deixam; os hábitos mediterrâneos estão bem enraizados e há sempre mais um beijo de despedida para dar ou uma mala esquecida que é preciso carregar. Em alto mar, não é qualquer onda que agita o seu corpo gigante. Navega tranquilamente até ao seu destino, mesmo a tempo de podermos contemplar a serenidade do nascer do sol e da dança das gaivotas que nos saúda à chegada.

κυρίες και κύριοι... - Senhoras e senhores...
Πειραιάς - Pireus
Σούδα - Souda
Κρήτη - Creta
πλοίο - navio

Prontos a zarpar?


Τα παιδιά του Πειραιά, Melina Mercouri

domingo, 3 de julho de 2011

"Oh menino, tanta ilusão!"

Ovelhas cretinas (ou serão cretenses?)
As viagens são um rosário de sensações e de emoções que nos despertam do entorpecimento das rotinas e dos compromissos, fazendo-nos estar atentos ao que de mais simples nos rodeia. As estrelas voltam a cintilar no céu escuro e desaparecem os títulos dos jornais que nos deprimem e angustiam. O conforto do sofá é substituído por um saco-cama no chão do convés de um navio. Deixamos de precisar de 100m2 de casa, bastam-nos uma mala de 55 cm x 40 cm x 20 cm. A voz que anuncia a estação de metro seguinte é substituída pelos sons do marulhar das ondas e dos rituais de sedução das cigarras. Ilusoriamente sentimo-nos capazes de enfrentar os mares revoltos que nos separam da ilha mais próxima e de virar costas a empresas geridas com tacos de golfe em função da flutuação do mercado bolsista. Até que o calendário nos obriga a fazer um novo check-in e reorganizar o disco duro para eternizar mais 2gb de memórias. Até quando?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Mal me quer, bem me quer


Ando eu a vasculhar uma daquelas gavetas que só abro uma vez por ano, em busca de uma cópia dos estatutos que regem o peculiar condomínio cá de casa, e eis que surge lá das profundezas uma pequena tira de papel que me transporta uns quinze anos no tempo. Que linda surpresa! Mais surpreendente do que encontrar uma fotografia da pessoa que me ofereceu, ou dos passeios colectivos que fazíamos, num Porto desconhecido para a maioria de nós. Saudades? Não necessariamente, sinto apenas um bem estar por um pequeno pedaço de papel poder contar histórias bonitas acerca minha vida.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Requiem para os desaparecidos

Little Annie & Paul Wallfisch - "Billy Martin Requiem"

A força da vida


Ando desatento às coisas belas que me rodeiam. Tão desatento que deixei escapar de uma só assentada dois espectáculos que a Tanztheater Wuppertal trouxe recentemente à cidade do Porto. Restou arrastar-me, algo céptico, para o multiplex mais próximo a fim de ver o que o Wenders tinha para nos mostrar sobre a coreógrafa.
Bastou passarem poucos minutos para perceber que a tecnologia 3D, bem usada, pode ser uma ferramenta surpreendente de apelo aos sentidos. Arrepio, atrás de arrepio, lá fui assistindo aos testemunhos dos actores de Pina Bausch, feitos de poucas palavras e muitos movimentos, umas vezes em cima do palco que tão bem conhecem, outras vezes em cenários perfeitos, escolhidos pelo realizador. Para um míope, que não teve dinheiro para comprar bilhetes na primeira fila para o espectáculo que tive o privilégio de assistir há uma data de anos, este filme invadiu-me os sentidos com a poesia corporal que Pina soube partilhar de forma tão intensa, simples e bela.
Saí da sala de cinema com um sorriso nos lábios e com a vontade de ir saltitando de cadeira em cadeira ou refugiar-me debaixo de uma chuva quente de verão.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Gelados caseiros


Cazwell - Ice Cream Truck por INgrooves

O calor de verão antecipado faz-nos ter vontade de comer gelados, muitos gelados! Uma promoção do Pingo Doce fez-me fazer uma compra tantas vezes ponderada e adiada: uma máquina de gelados! Agora são gelados de morango com manjericão, de poejo ou de baunilha e coentros. As receitas não faltam e a vontade para fazê-los também não. Quem prova?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

... são 5 minutos de sol!



Enquanto se conquista o palato dos algarvios e dos "camones", é feita uma pausa, em busca de um Algarve menos cimentado e dos tímidos raios de sol que espreitam entre nuvens choronas.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Músicas de fazer arrepiar - 19


"Tristes Apprêts, Pâles Flambeaux", Les Arts Florissants

Afife com sabor a despedida

Afife com sabor a despedida
O ritmo abranda, os sentidos despertam, o bem estar invade-nos, os repastos prolongam-se durante horas e a vida podia ser assim!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O fifi voltou

A boa notícia chegou juntamente com a ressurreição do outro. Fomos buscá-lo a uma super-esquadra vazia e às escuras, fazendo-me pensar que talvez já não haja dinheiro para pagar a conta da luz. Lá estava ele, no meio de muitos outros companheiros de velhas andanças. Olhando superficialmente ninguém diria que tinha sido roubado. Tudo igual, nada desapareceu, nem os extintores para os Caldeireiros que estavam guardados na mala ou a máquina fotográfica esquecida por baixo do banco. Só atentamente reparámos que deixou de ter chave de ignição e por baixo do volante passou a ter uns fios ao dependuro e um botão extra para pôr o carro a funcionar; indícios que levam a crer que o fifi andou na má vida nos últimos quinze dias.
Agora está guardado na garagem, à espera que as mãos habilidosas do pai Acácio volte a repor o que lhe falta e regresse ao lufa-lufa dos recados e passeios.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Micas mágica

Micas mágica

O fifi desapareceu

É verdade, o meu companheiro de estrada dos últimos dez anos desapareceu à porta de casa. De manhã vou buscar umas laranjas que tinha deixado na mala e pronto, já lá não estava onde tinha deixado na noite anterior. Tão simples quanto isso.
Este acontecimento fez-me entrar pela primeira vez numa esquadra da polícia e perceber que os senhores agentes estão mais afáveis e eficientes. E pelos vistos não fui o único a ser bafejado pela "sorte", mais dois vizinhos foram premiados com este amargo presente.
Dizem que 70% dos carros roubados aparecem, mais cedo ou mais tarde. É esperar para ver se sim e que em estado aparecerá.

quinta-feira, 31 de março de 2011

quinta-feira, 24 de março de 2011

Praia de Belinho

Praia de Belinho 1
Praia de Belinho 2

De pequenino...

A rede ex-aequo - associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes, com o seu Projecto Educação LGBT, desde 2005, tem promovido uma série de debates e sessões de esclarecimento sobre orientação sexual e identidade de género nas escolas deste país. Estas sessões são dinamizadas por uma equipa de jovens voluntários dotados de formação específica, permitindo-lhes responder às mil questões que lhes são colocadas, educando professores, alunos e outros agentes escolares contra a discriminação.

Está na hora de darmos o nosso contributo, tornando-nos padrinhos e madrinhas, para que o projecto possa crescer e chegar a cada vez mais escolas.

Organizar cada sessão custa, em média, 20 euros. E porque não sermos nós a doar esses 20 euros?

Os donativos deverão ser transferidos para o NIB 0035 0379 0000 1089 2301 6, e enviando o comprovativo ou os dados da transferência por email (para: geral@rea.pt), indicando que a quantia se destina ao Projecto Educação LGBT. A associação garante que o donativo não será gasto em nenhuma outra actividade e será emitido um recibo.

Tudo isto para que histórias tão belas como esta se tornem cada vez menos uma excepção.

terça-feira, 15 de março de 2011

Banana com chocolate

Com o mundo lá fora em sobressalto, uma simples tarde passada descontraidamente a cozinhar e a comer com amigos, ganha um significado ainda mais especial. As conversas, as cumplicidades, os risos, o vinho, a música, os afectos, apetece suspendê-los por tempo indeterminado. Mas o comboio não espera e desperto para os compromissos laborais que me esperam na manhã seguinte.

Sem limites?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Puta que os pariu!


Governo prepara redução do IVA para o golfe

"A multidão é linda"

A multidão é linda!
Sim, é linda e encheu avenidas e praças de muitas cidades deste país. No coração do centralismo político, o povo encheu a Avenida da Liberdade de pluralismo, do Marquês até aos Restauradores. Dos mais pequenos aos mais graúdos todos gritaram, protestaram, cantaram e dançaram pela falta de pão na mesa, contra a ditadura dos mercados que corrói a democracia e a corrupção dos representantes de um povo que se sente cada vez menos representado. "O povo unido não precisa de partido" foi ouvido alto e bom som! Muitos nunca tinham ido para a rua protestar por nada. Muitas câmaras fotográficas, telemóveis e máquinas de filmar no ar iam registando cada metro percorrido. À chegada ao Rossio, a praça parecia pequena para acolher tanta gente. No final uma questão ficou a martelar na cabeça: e agora, pá?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Eu vou!





Mais info aqui e aqui

Quem é vivo, sempre aparece!

O regresso da Professora Augusta
E, de repente, depois de vários anos sem notícias suas, eis que a Professora Augusta brindou-nos uma vez mais com a sua companhia!
A sua presença foi muito breve, tendo enviado saudações a todos os que não puderam estar com ela. Diz que está bem de saúde e recomenda-se.
Desta vez veio na companhia da sua amiga Helga Pita Shoarma, que conheceu no bas-fond dos Alpes suíços e com o "À beira de estrada", um rapaz de São Francisco, amnésico, que ambas conheceram nos arredores de Paris, residência actual da nossa jovem-velha amiga.
A sua energia contagiante desafiou-nos para uma noitada de copos e de danças num dos bares que pululam a baixa portuense. Isso é que foi vê-la a dançar, no alto dos seus vários centímetros de sapatos liláses e dentro dos escassos centímetros de vestido negro!
As más línguas comentaram que parecia estar grávida de 4 meses, e que o pai da criança seria o rapaz americano, outras invejaram as suas pernas rijas e delineadas, embora um pouco peludas. Mas nada, nem ninguém, abalou a presença altiva e afectuosa da nossa amiga!
De manhã cedo já não estava connosco. Desapareceu, como habitualmente, para parte incerta e sem se despedir. Um bem haja!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

As Portas do Porto


Um domingo cinzento e um passeio pelas ruas do Porto, em busca de inspirações para a nova porta de entrada dos Caldeireiros. Admiram-se os trabalhos de ferro forjado dos batentes, das caixas de correio e dos gradeamentos. Sente-se a textura das tintas e dos diferentes materiais. Surgem algumas dúvidas. Uma porta com história ou uma porta nova? Madeira ou ferro? Dupla folha ou folha simples? Aspecto contemporâneo ou clássico? Estará pronto a tempo de recebermos os primeiros hóspedes? Bom, uma coisa é certa, qualquer coisa será melhor que a actual porta de alumínio!
Brevemente teremos cenas dos próximos capítulos. Entretanto reparem melhor nas portas do nosso quotidiano e avisem-nos se gostarem de alguma ;)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Roma aos 33

Roma aos 33

Lista de filmes que um recém-chegado de uma viagem a Roma deverá ver

Aprile, de Nanni Moretti
Vedo Nudo, de Dino Risi
Roma, de Federico Fellini
Caravaggio, de Derek Jarman
Villa Amalia, de Benoît Jacquot
Cover Boy: L'ultima rivoluzione, de Carmine Amoroso

E até parece que nos passa a dor de cabeça e a febre!

Bzzzzz

Uma semana completa e repleta de febres e arrepios, de fungadelas e assoadelas, de brufens, benurons e antibióticos, de dores de ouvido alucinantes e dores de cabeça incapacitantes, de chás repetidos vezes sem conta, da ausência de paladares e odores, dos mesmos percursos da cama pró sofá e do sofá prá cama, do peso da Micas sempre em busca do colo mais quente, de termómetro no sovaco, da repetição de posições e gestos, e de músculos entorpecidos. Tudo isto deixou-me física e psicologicamente esgotado. Quase até nem dei pela minha estreia no mundo das baixas médicas!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ouvido na rua - V

Ouvido pelo Wineboy numa rua da baixa do Porto, vindo de alguém que contemplava umas pombas que saltitavam à volta de um charco:
"As pombinhas até estão com comichão na passarinha com tanta água!"

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Músicas de fazer arrepiar - 18



Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração casinha dos pais, se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, maridos, estou sempre a adiar e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração vou queixar-me pra quê? Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração eu já não posso mais que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.
Que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.


"Que parva que eu sou", Deolinda

domingo, 23 de janeiro de 2011

Gira-discos, precisa-se!

The Fairy Godmother
Só pela deliciosa capa como poderia deixar escapar este disco das minhas mãos? Agora imaginem o que estará gravado nos finos círculos negros! "Finger licking good", "Eat where you want to", "I'm coming", "Let's take it upstairs" são alguns dos deliciosos nomes das canções que compõem este lp dos idos dos 60s. Alguém por aí com gira-discos que queira juntar-se e participar num serão retro-queer?

sábado, 22 de janeiro de 2011

Adeus

Adeus
Um dia foi encontrada numa praia, sozinha e desorientada. No dia seguinte já tinha uma família adoptiva e uma casa. Não uma casa qualquer mas uma das grandes, com jardim, horta, escadas, muros e vizinhos simpáticos que se põem em bicos de pés para lhe dar festas. E como bónus, era só descer a rua, correr para as longas margens do rio, brincar e mergulhar nas águas frescas.
Aos poucos foi perdendo o medo de voltar a ser abandonada. Para além dos seus orgulhosos donos e de um gato que não era flor que se cheirasse, a casa enchia-se com frequência de amigos, pequenos e graúdos. Era uma festa só! Mimos e mais mimos, vindos de todos, até das pessoas que no começo diziam ter medo de cães.
Faz uma semana que a Núria se despediu de nós. Quantas semanas mais vamos precisar para nos habituarmos ao silêncio e à ausência dos seus pulos de alegria à nossa chegada?

Vamos brindar!


"Brindo", Devendra Banhart

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A metereologia da vida

Os primeiros raios da manhã iluminaram timidamente a minha sala e a manhã inundou-me com a sua luz quase primaveril, tentando contrariar a nuvem negra que se abateu de quem me é próximo.
Alguém me explica o porquê de, por vezes, as coisas más surgirem de repente todas concentradas como se de um sistema frontal vindo do atlântico se tratasse?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ilusões animadas






Que vontade tenho de partilhar um barco com um rebanho de ovelhas, cruzar montanhas e rios num comboio a vapor, aceitar boleias de estranhos simpáticos, subir à colina mais próxima para contemplar de longe a cidade de conto de fadas e aplaudir de pé ao espectáculo de um mágico atropelado pela velocidade dos tempos modernos!

O PR4 de Macieira de Alcôba

A chuva deu tréguas e o céu encheu-se de sol para nos secar a humidade das últimas semanas. Para celebrar esse sol tão desejado nada como aceitar o desafio da boa amiga Esteva, rumando para as profundezas do concelho de Águeda e seguindo os trilhos bem marcados do PR4.
Somos brindados com carvalhos, sobreiros, carrascos, estevas e alguns cogumelos corajosos. Aqui e ali surgem casas abandonadas e campos por lavrar. E a água, sempre em abundância, é conduzida por canais ou repousa em poças e tanques construídos por homens do antigamente. No final do percurso um tímido pôr-do-sol deixa-nos em silêncio contemplando a enorme planície que se estende até ao mar.
Não há fotos para mostrar. A câmara digital ficou em casa e o rolo a p&b ficou esquecido no bolso do casaco.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ouvido na rua - IV

A Feira de Espinho em seis pregões:

"Venha cá, não fuja, que nós damos apoio ao cliente!";
"Mamas a um euro!";
"Tenham calma... não entrem nervosas no novo ano! Chega para todas!";
"Antes que eles venham e levem tudo, levem vocês!";
"Não precisa de sorrir, não está a ser filmado.";
"Dez euros, dez euros! Fica mais barato do que roubar!"

2011: o ano dos pimpolhos

Amigos 2011
Com o Douro aos pés e rodeado de amigos lá entrámos em mais um ano prontinho a estrear, repleto de gargalhadas bem dispostas, longas conversas, boas comidas, bons vinhos e belas paisagens, aquecidos pela luz quente das lareiras. Que se pode desejar mais? Bom, podemos desejar que estes se prolonguem com frequência nos próximos tempos, fazendo esquecer os tempos de desnorte que se vivem e recebendo de braços abertos e com alegria os cinco pimpolhos que nascerão em breve por estas bandas.