quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amores, desamores e consumo

Há quem suspire nostalgicamente com afectos que nunca existiram. Outros há que vão fazer erasmus e acabam relações. Outros acham que são demasiado velhos para voltar a amar. Outros acham que são demasiado novos e ainda têm muito tempo para amar. Outros reclamam que não fazem sexo há um mês com os seus namorados. Outros gostariam de voltar atrás no tempo. Outros não querem compromissos. Outros há que amam sem serem correspondidos. Outros estão bem sozinhos. Outros há que acabam relações pelo telefone. Outros querem recuperar o tempo perdido. Outros sentem saudades. Outros são amados sem poderem corresponder. Outros acham que a falta de diálogo é a principal causa de mau funcionamento entre casais. Outros há que se cruzam na rua com ex-namorados e fazem de conta que não os viram. Outros trocam palavras de carinho por sms. E entretanto todos consomem. 500 euros num Iphone, 200 euros numa cama IKEA, 100 euros num disco externo, 15 euros em Internet, 10 euros numa garrafa de vinho branco, 75 euros numa viagem a Londres, 20.000 euros num Mini, 4 euros numa caixa de chocolates, 2,5 euros na electricidade gasta com as luzes da árvore de natal...

Fausto, Alentejo, Saudades

Ora bolas, o Fausto fez ontem 60 anos e eu nunca tive a oportunidade de assistir a um concerto dele. Prometo que estarei atento às suas digressões. Seria mágico encontrá-lo numa daquelas festas de verão, numa noite de calor, algures no meio da planície alentejana.

Ao Longo de Um Claro Rio de Água Doce - Fausto Bordalo Dias

Used to Be (para quem não sabe é dos Beach House)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Por terras agrestes

Peneda
A Peneda é feita de rochedos gigantes, de vales profundos, de nevoeiros misteriosos, de caminhos a percorrer, de giestas e carqueja, de frio, de silêncios, de garranos e vacas, de ventos fortes, do fogo das lareiras que aquecem corpos e almas, de pontes antigas que cruzam ribeiros, de marcos geodésicos para conquistar, de paisagens a perder de vista, de troncos cobertos de líquenes, de ventoinhas geradoras de electricidade, de monumentos megalíticos, do som das folhas secas pisadas pelos nossos pés, do granito das casas, de águas cristalinas e geladas, das curvas e contracurvas das estradas e da vontade de regressar.

Recomenda-se:
Casas da Branda da Aveleira

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A precaridade

Vamos todos votar nos Prémios Precaridade 2008! O meu big boss é um dos nomeados. Que coincidência agora que começaram os despedimentos em massa...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O rapto

Praia de Belinho, Esposende
Obrigado...
pela surpresa,
pelos afectos,
pelos sorrisos,
pelas cumplicidades,
pela caminhada,
pelas paisagens,
pela esteva,
pelo sol brilhante,
pelo mar sereno,
pelo pôr do sol.

Ver é uma arte

Ver é uma arte: pelos jardins de Serralves
Na semana passada estive mergulhado no workshop de fotografia A Arte de Ver. Dezassete horas de workshop foram claramente insuficientes para consolidarmos e praticarmos todos os conhecimentos adquiridos. As bases técnicas estão bem presentes. Os aspectos criativos como a composição, luz e ponto de vista foram devidamente dissecados e exemplificados. Agora é praticar, praticar e praticar.
Não me esquecerei certamente de algumas vivências e imagens partilhadas pelo formador, o fotojornalista António Sá, no decorrer das suas experiências enquanto viajante e fotógrafo. Nas suas palavras a fotografia fê-lo ser uma melhor pessoa. Já não pedia tanto, apenas que me permitisse usufruir de boas experiências para mais tarde recordar.
Um muito obrigado aos pápis pela fantástica prenda!

Nota: No mosaico podem ver algumas das fotos tiradas na parte prática do workshop.

Músicas de fazer arrepiar - 8

Beach House
Desta vez não falo de uma música mas sim do concerto que assisti na noite passada. Os Beach House vieram ao Porto e eu arrepiei-me em cada música que eles tocaram e cantaram. A Victoria Legrand e o Alex Scally estiveram muito bem, sempre bem dispostos mesmo que não estivessem propriamente a cantar coisas muito divertidas. Absolutamente mágico!
E o meu Ipod que nunca mais carrega para poder ouvi-los de novo...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

La première

Máxima abertura e pouca profundidade de campo
Máxima abertura e pouca profundidade de campo. Assim pode ser caracterizada a minha primeira foto tirada em modo manual. A fotografia não tem nenhum interesse mas sim, já consigo tirar fotografias sem ser no modo automático da máquina fotográfica! Só por isso já valeu estar a frequentar o workshop de Serralves. Até sábado espero aprender ainda mais algumas técnicas e truques que me permitam ainda ter mais prazer no acto de fotografar. Conto com as vossas opiniões sobre os meus próximos resultados. ;)

P.S. - Estou feliz porque o anjo está bem e em princípio tudo não passou de um grande susto!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

[ ]

Os anjos também são humanos e mortais. Também são feitos de carne e osso. Também têm vasos sanguíneos, células e sistema nervoso. E também têm coração. E esse coração também pode avariar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Carregador de baterias

Senhora do Monte, Lisboa - Novembro 2008
Senhora do Monte, Lisboa - Novembro 2008

É muito cruel não podermos contemplar um pôr-do-sol quando nos apetece.

M-f, f-m

La leche, o leite. La miel, o mel. El puente, a ponte. La nariz, o nariz. El dolor, a dor. El árbol, a árvore. La sal, o sal.

Feminino, masculino. Masculino, feminino. Mais algumas constatações da subjectividade existente num conceito que muitos crêem como certo e imutável. Quem está certo? Quem está errado? Não é preciso tomar partidos, arranjar argumentos mirabolantes para justificar o injustificável. Parece-me claramente que todos estão certos e têm as suas razões.

XXY

E alguém que nasce com cromossomas XXY? Terá de escolher um dos lados? Terão de escolher por si à nascença? Que legitimidade têm para fazê-lo? É disto que fala o filme de estreia de Lucia Puenzo. Sem bizarrias, dramalhões ou outro tipo de demagogias, a realizadora conta a história de uma rapariga/rapaz (brilhantemente interpretada pela actriz Inés Efron) que vai descobrindo dolorosamente a sua sexualidade, marcada pelas angústias e dúvidas dos seus pais, de demasiadas certezas e das crueldades de uma pequena comunidade. Desconcertante e belo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Rei morto, rei posto

Rei morto, rei posto
Será que algum dia veremos a cara do Barack Obama grafitada pelas paredes das ruas do Porto?

A janela aberta e os sentidos apurados

Linha do Douro, com a janela aberta e os sentidos apurados
Na minha opinião, sessenta por cento da magia de viajar de comboio na Linha do Douro está no facto de ainda sermos conduzidos em material circulante "não modernizado", ao jeito da linguagem usada pela CP. Viva as velhinhas automotoras a diesel Série 0600 da Sorefame! Viva a ausência de ar condicionados, de interiores de plástico e de vozes gravadas e sinais luminosos a indicar a chegada à próxima estação!
No dia em que não pudermos abrir as janelas do comboio, colocar a cabeça de fora e deixarmo-nos inebriar pelos sons dos carris, pelos cheiros dos óleos emanados, pelo vento que fustiga a nossa cara, pelos sustos nas passagens pelos túneis e pelo grande e sereno rio que de tão de perto nos apetece tocar, a viagem até ao Pocinho perderá grande parte do seu encanto.
Será que os senhores que tomam as decisões terão sensibilidade para isso? Não creio. Resta-nos usufruir o máximo que pudermos do facto do Douro estar longe de Lisboa e os dinheiros públicos circularem com mais dificuldade por entre as curvas e contracurvas dos socalcos que fazem essa paisagem, moldada pela mão humana.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tarde cinzenta e jazzística


"The Last Beat", do Matthew Herbert

Filosofias de uma prata de chocolate

Regresso da hora de almoço e espera-me um bombom "Serenata de Amor" em cima da minha secretária, deixado carinhosamente por uma colega de trabalho.
Abro-o de imediato com vontade de saborear o seu chocolate docinho e reflito na frase escrita na prata que o protege:

"Se você ama alguém, fale. Corações podem ser partidos por palavras que..."

A frase aparece cortada. Alguém a quem calhou o resto da prata poderá ler o resto dessa frase. Mas não é difícil de imaginar o que dirá.
Sim, essa foi uma lição que aprendi bastante bem nos últimos tempos e a qual tenho ansiosamente colocado em prática.