quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Persepolis: para miúdos e graúdos

Recuperei este post do passado para recordar-vos que não devem perder a oportunidade de ver este filme. Enganei-me e afinal sempre foi para o circuito comercial. Não devem estar em muitas salas mas desloquem-se porque vale a pena! Até parece que estou a vender a banha da cobra :)
É um belíssimo poema de amor à vida, contado a preto e branco. Na minha opinião até devia fazer parte do currículo de todas as escolas secundárias.

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Persepolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud.

Se tiverem a oportunidade de ver este filme não o percam. Muito provavelmente não aparecerá no circuito comercial das salas de cinema de shopping, mas pode ser que o apanhem por aí. É um filme muito bom para ir com sobrinhos que revelem demasiadas certezas sobre o mundo.
Se gostarem tanto do filme como eu, restam-vos ler os livros que foram a sua fonte de inspiração. (...)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

One from the heart

Grafiti numa rua do Porto

O longe faz-se perto

"Li algures que, qualquer pessoa deste planeta está separada de outra por apenas seis pessoas. Seis graus de separação entre nós e todos os outros habitantes do planeta. O presidente dos EUA, um gondoleiro em Veneza, é só preencher os nomes. É reconfortante saber que estamos tão próximos, mas também acho uma espécie de tortura chinesa estarmos tão próximos, porque tem de se encontrar as seis pessoas certas para fazer a conexão. Não são apenas nomes sonantes, é qualquer um. Eu, tu, estamos ligados a toda a geste neste planeta por um rasto de seis pessoas."

Citado pela personagem Ouisa Kittredge no filme "Six degrees of separation".

A teoria existe, tem cerca de cem anos e pelos vistos está bem documentada na rede. Mas quem se dá ao trabalho de prová-la? E para quê? Que efeitos práticos tem na nossa vida? Vão acabar todas as guerras do mundo? Vamos todos dar as mãos e sorrir feitos parvos? Será assim tão reconfortante pensarmos que estamos assim tão perto um dos outros? Para mim nem aquece nem arrefece. Confesso que até seria bastante desagradável descobrir que ligação tenho com o Pol Pot. Ah, e aviso já que estou de mau humor!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Galafura sempre adiada

São Leonardo de Galafura, Douro
São Leonardo de Galafura, Douro

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis de visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta."

É desta belíssima forma que Miguel Torga descreve o imponente miradouro de São Leonardo de Galafura. Que mais se pode dizer de uma beleza tão esmagadora? Deixem-se ficar, contemplem, respirem, escutem e sintam. E se tiverem tempo, almocem no restaurante localizado a 100 metros do local. Vão poder ter esta paisagem bem presente, por mais uns instantes, enquanto se deliciam com o saboroso repasto que vai chegando à mesa. O menu resume-se a dois pratos principais (um de peixe e outro de carne) e a uma travessa de doces caseiros, que são trazidos para a mesa, para poderem ser calmamente escolhidos.
Que vontade de continuar viagem e espreitar todos os promontórios espalhados nas margens de tão sereno rio.

Despertar com Radiohead

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Concerto em falta...



In the waters flowing by
Faded flowers in the years
I sat by the water side
And dreamt of you my dear

I lay down
I lay down again

Sad woods I’ve lost the road
No hand to lead the way
No lantern I’m all alone
Under the winter rain

I lay down
I lay down again

Come and speak of love
Bring the secret from above
Oh speak of love


Belíssimo! Perdi o concerto no passado sábado mas tentarei apanhá-lo numa das suas próximas actuações!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Adeus

Yoplait
No dia em que me cruzei na rua com a parteira que me ajudou a nascer, recebi a esperada notícia da despedida da minha tia "yoplait".
As mais remotas recordações que tenho dela vêm das visitas que faziamos ao stand de promoção dos iogurtes da dita marca, que geria no Jardim Zoológico de Lisboa. Recordo-me dos seus risos, da sua voz, da sua boa disposição e dos seus abraços. Recordo-me desses dias solarengos, da minha prima a aprender a andar de patins e dos rugidos dos leões. Recordo-me da casa que tinha na Estefânia; das escadas íngremes, dos tectos altos de estuque e das grandes janelas que davam para uma rua de grandes árvores. Já passaram 25 anos desde então?
Apesar de ter uma família grande, repleta de gente de diferentes idades, esta foi sempre a minha TIA. Um beijo e adeus.

Sleeping with Radiohead

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Amores interruptor

Mal me quer, bem me quer, mal me quer, bem que quer, mal me quer, bem que quer, mal me quer, bem me quer. Talvez sim, talvez não, talvez sim, talvez não, talvez sim, talvez não.

Já faltava uma colecção assim:

Cahiers du Cinema - Jornal Público, às 6Feiras.
Vou começar a contar os trocos e ver quais posso comprar ;)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Body-art video performance

O meu regresso recente e inesperado a Lisboa fez-me recordar a última visita que fiz à cidade da luz, no outono passado. Os dias ainda estavam quentes, voltei a andar de cacilheiro (há mais de 20 anos que não o fazia!) e fui visitar o tão mediático Museu Berardo. Da visita a este museu trouxe apenas um nome: Marina Abramovic. Nunca tinha ouvido falar dela e das suas famosas vídeo-performances, que geralmente partem da exploração do corpo como um veículo artístico de reflexão da própria sociedade em que estamos inseridos.
Vejam aqui "Balkan Baroque", a sua autobiografia que pude assistir na exposição. Vale a pena esperar se o filme demorar um pouco mais a carregar. Belíssimo trabalho!


Balkan Baroque, realizado por Pierre Coulibeuf (1999), 63 mins.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

São vidas...



É ao som da voz de Earl Grant que começa "Imitation of life", o último grande filme de Douglas Sirk, uma belíssima crítica ao materialismo, à conformidade e ao racismo. Como é bom ter a oportunidade revê-lo no grande ecrã!
Excelentes as actuações de Lana Turner, John Gavin, Juanita Moore e Susan Kohner! Dificilmente podemos ficar indiferentes às vidas e emoções das suas personagens.
Foi uma forma muito agradável de terminar um fim de semana repleto de boas sensações.

Imitation of life

Merda para a Vodafone e para os seus sms inoportunos!

"Espalha Amor! Fala a 0 cent/min para 1 numero 91 a tua escolha entre 14 e 17 Fev. Para aderires liga gratis 1274 ate 12 de Fev.Adesao: 1EUR"

Almoço dominical ao som de Mozart

Casa da Música, Porto
Obrigado Irmã Consuelo pela prenda inesperada e tão bem-vinda! ;)
E como é agradável sentir a presença serena da Acqua di Ju perto de nós...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

"Que força é essa que trazes nos braços..."

Medronheiros prontos a plantar
Sábado. 9h15 da manhã. Belazaima do Chão. Faço parte dos cinco voluntários da Quercus que partem rumo ao Cabeço Santo. Objectivo: plantar cerca de 130 medronheiros e mais umas dezenas de bolotas de carvalho no terreno adquirido pela associação. Faz parte de um projecto [pdf] que, tem como objectivo, reconverter um eucaliptal e recuperar de forma cuidada e sustentada uma zona fortemente dominada pela monocultura do eucalipto. As suas extensões no seu redor são verdadeiramente assustadoras, paisagens completamente descaracterizadas, tristes, monótonas e sem vida.
Temos sorte com o tempo. O sol primaveril brilha forte mas não aquece demasiado. Aos poucos, vamos ganhando ritmo de trabalho. Escavamos com esforço a terra dura e pedregosa e vamos colocando cuidadosamente as novas plantinhas na terra. O trabalho é duro mas compensador. Vou manejando instrumentos de trabalho que nunca tinha pegado e vou aprendendo nomes de plantas difíceis de memorizar.
Os instrumentos de trabalho
O almoço e o lanche reforçam a vontade de prosseguir com a nossa missão mas à medida que o sol se põe no horizonte, os músculos vão reclamando o esforço pouco habitual e as pernas vão fraquejando.
Sinto-me satisfeito por ter dado um pequeno contributo para um projecto merecedor de mais atenção de todos que ainda acreditamos que, com empenho e dedicação, ainda é possível tornar melhor o ambiente que nos rodeia.
Uma boa banhoca seguida de um fondue (acompanhado com sangria) em casa de amigos foram a pedra de toque para uma noite de sono bem pesado.
Brevemente voltarei ao campo de trabalho.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

As pessoas que fazem Roma

Gente di Roma
"Gente di Roma" é um filme sobre pessoas autênticas. Ettore Scola conta-nos, de forma mais ou menos ficcional, o quotidiano da multiculturalidade de pessoas que vivem nessa cidade; as suas rotinas, as suas atitudes, os seus pensamentos, as suas ideologias, os seus estados de alma e as suas sortes. Não é um filme marcante, falta-lhe algo que também nos faça viver esse filme não como mero espectador. Mas creio que cumpre o seu papel. Mostra-nos o lado humano de uma cidade vendida ao turismo que, para o turista comum, é difícil de descortinar. Para mim foi. Talvez não tenha tido sorte. Para outros certamente tenha sido mais fácil descobrir o outro lado da Roma dos nossos dias. Apenas sei que gostaria de lá voltar um dia, fazer as pazes com ela e descobrir, com as pessoas certas, o seu encanto. Ou talvez simplesmente não o descubra.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A outra face da curva do rio

Rio Douro, Porto

Noite Kubrickiana com sabor a chá de canela

'A Clockwork Orange' ou a 'Laranja Mecânica', do Kubrick
Depois de, na passada 3feira, ter ido ver o sanguinário, previsível (já não me lembrava de um genérico inicial que contasse tanto da história que se ia passar a seguir...) e pouco interessante filme do Tim Burton, nada como colmatar uma grande falha cinematográfica minha de nunca ter visto a "Laranja Mecânica", do Kubrick. Foi ontem, em mais um regresso aos ciclos de cinema no Gato Vadio.
É um pouco difícil nunca se ter ouvido falar neste filme, escutado trechos da sua banda sonora ou visto flashes das cenas mais marcantes. Mas sem dúvida, merece ser visto até ao fim, mesmo que a violência expressada nalguns momentos seja bastante incomodativa.
Não é um filme facilmente entranhável (porque haveria de ser?) mas, para mim, é um belo exercício artístico, reflexo da utilização do aparelho de Estado em função dos interesses exclusivos dos políticos e da violência exercida por esses mesmos políticos sobre a individualidade dos cidadãos. Sem dúvida, é um filme intemporal.

Às vezes passam-nos estas coisas pela cabeça nos momentos mais improváveis

É possível voltar a entregarmo-nos ao amor depois de, quem nos supostamente amou durante oito anos, tenha gerido tudo de uma forma tão simplificada, como se tivessemos amado uns meros oito dias?

Árvores de verdade (parte 2)

Avenida dos Aliados, Porto
Cá estou eu de novo para registar fotograficamente a minha árvore preferida da Avenida dos Aliados, agora já no seu belo esplendor. Ora digam lá se não merece que paremos uns minutos na sua frente?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

As virtudes do Porto

Passeio das Virtudes, Porto
Depois de uma caminhada pelas ruelas e calçadas do Porto, nada como repousar junto do gradeamento do Passeio das Virtudes e perdermos o olhar nas fachadas das casas, nas sombras dos ramos das árvores ou no rio que se extende aos nossos pés. Os sons das gaivotas e dos velhotes jogadores de sueca permanecerão dentro de nós, mesmo depois de termos partido.
Porque a Câmara decidiu vedar o acesso ao magnífico jardim do Horto das Virtudes, um dos mais tranquilos e belos da cidade? Já faz uns largos meses que a situação permanece, sem fim à vista. Mais um exemplo de desrespeito pela cidade e por quem cá vive...

As fadas madrinhas

A fada madrinha
Quando menos esperamos damos de caras com uma! Elas existem e andam por aí ao dobrar de qualquer esquina, acreditemos ou não. Andam a espalhar sorrisos, bem estar, ternura, amizade e a pôr amor dentro de nós.
Onde já ouvi isto...

'Vem pôr amor vem pôr
amor vem pôr dentro de mim
tem dor vem pôr amor amor
amor tem dor dentro de mim'

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Amor e dor

A1
A estrada conduz-me a uma ambiguidade de emoções. Leva-me aos braços da minha amiga J., ao conforto das suas palavras e dos seus olhos expressivos e ternos. Reclamo com mais frequência a sua presença. Faz-me sentir bem. Como gostava que a sua vida fosse tão menos difícil...
Mas a estrada leva-me também à dor de uma anunciada perda, a recordações de infância e à necessidade de confortar a minha mãe. Reconheço a minha incapacidade de enfrentar a transformação física resultante da doença e do sofrimento e, em última instancia, a morte. Será egoísta da minha parte ao preferir recordar a última imagem que guardo dessa pessoa sorrindo para mim?