domingo, 26 de dezembro de 2010

O anjo de neve

O anjo de neve
A temperatura está tão baixa que até nem se sente o frio. As esculturas do parque de Friedrichshain, saídas directamente de um conto de fadas, estão tapadas com uns caixotes de madeira para resistirem ciclicamente a mais um Inverno. A decepção de não poder mostrá-las ao Wine Boy rapidamente é ultrapassada com o seu desafio de, finalmente, me deitar na neve fofa e fazer o tal anjo de neve que eu tanto falava. Tinha metido aquilo na cabeça, inspirado em filmes que guardo com carinho algures dentro de mim. Mas as inexplicáveis inibições que por vezes me impedem de, pura e simplesmente, fazer o que me apetece tinham até então levado a maior. Agora era a vez de me deixar de coisas, estender-me no chão e dar às pernas e braços. Senti imediatamente os meus lábios curvarem e esboçarem um sorriso de contentamento, enquanto o meu único espectador concentrava-se nas fotografias e eu olhava para a dança das árvores nuas que me abraçavam. A repetir!

sábado, 25 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Há algo podre no vale do Tua

«Daniel Conde, no Diário de Notícias (via A Cidade Surpreendente):

"Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.
Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.
Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.
Há algo podre no vale do Tua
Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.
Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.
Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.
A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas - de entre os quais UNESCO e Comissão Europeia - que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.
Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede...»

História de amor

José
A vida pode não fazer sentido nenhum mas já valerá a pena termos existido para viver um amor assim.
Chegado a casa, ainda emocionado, passo em revista imagens, palavras e sons dessa belíssima homenagem, feita filme, ao amor de José e Pilar. Obrigado mais uma vez Miguel por nos mostrares que por detrás das letras existe carne, pele e sentimentos!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Três suricatas à solta no Porto

Três suricatas à solta no Porto
Dois suricatas, recém chegados das neves, juntaram-se à terceira suricata lá de casa e foram divertir-se para a baixa do Porto. Percorreram os mercadinhos de Porto Belo, das Galerias e dos Clérigos, foram ver as novidades literárias à Lello, suspiraram pelas peças saudosistas d'A Vida Portuguesa, esperaram pacientemente na fila até poderem deliciar-se com os bolos da Padaria Ribeiro, divertiram-se com os projectos criados pelos alunos na ESAD, no âmbito do Pop Up Shop organizado no belíssimo Lófte (a foto foi tirada lá!), e provaram, por três euros, vinho atrás de vinho na feira de vinhos da Viniportugal organizada na Alfândega. E ainda houve tempo para umas transfusões de sangue à base de papas de sarrabulho (descobertas num tasco escondido na Ribeira) e de arroz de cabidela, seguido de um pé de dança digestivo mas claustrofóbico. Quem disse que não havia nada para fazer no Porto?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cai neve em Berlim!

Cai neve em Berlim!
No espaço de uma noite as ruas enchem-se de alguns centímetros de neve, cobrindo passeios, estradas, ramos das árvores, telhados, varandas, carros e baloiços de jardim. Mas a cidade não pára. Os eléctricos amarelos continuam a passar velozmente e os automobilistas sacam das suas pás para limpar a neve que se acumula nos pára-brisas. As escolas e comércios não fecham. As crianças saem alegremente à rua de trenó, puxadas pelos seus progenitores. Só as bicicletas parecem permanecer encostadas aos postes.
Os termómetros marcam -10ºC mas dizem-nos que a temperatura sentida corresponde a -15ºC. Mas não é que, com apenas duas camisolas interiores, uma camisola de lã, um casaco, um cachecol, um par de luvas e um gorro, até se aguenta perfeitamente o frio? Vamos mas é lá fora porque há muita coisa para fazer! Ver exposições de fotografia de Peter Lindbergh e Fred Herzog no C/O Berlin; admirar esqueletos de dinossauros gigantes no Museu de História Natural; percorrer jardins despidos e margens de rios gelados, iluminados noite dentro pela alvura da neve; comer as famosas wurst (salsichas) e beber glühwein (vinho quente) num dos inúmeros mercados que povoam praças e pracinhas da cidade; tirar fotografias p&B numa velhinha máquina Photomaton; perder-se nos corredores de um supermercado turco e ter vontade de trazer tudo para casa; vestir fatos de treino liláses ou calças de couro dos anos 80 em grandes armazéns de segunda-mão; provar comidas de sítios tão distantes como a Bulgária ou o Vietname; fazer bonecos de neve minimais ou travar batalhas de bolas de neve; espreitar para sarcófagos egípcios ou contemplar o busto da Nefertiti no Neues Museum; entrar e sair nas lojinhas acolhedoras do Prenzlauer Berg; percorrer as longas e austeras avenidas de passado socialista; suspirar pelo mobiliário anos 60 à venda nos mercados de velharias da Arkona Platz e do Mauerpark, e trazer para casa as possíveis relíquias que caibam numa mala 55x40x20; apreciar as esculturas e quadros à venda no grafitado edifício/galeria Tacheles; beber um bom vinho Spätlese e comer o que quisermos nas acolhedoras Weinerei, pagando apenas aquilo que achamos justo e ainda tendo como bónus um espectáculo burlesco divertidíssimo ao som de cantigas argentinas arrebatadoramente românticas; e voltar às exposições de fotografia indo à Berlinische Galerie ver fotos inéditas da Nan Goldin e ficar a conhecer trabalhos dos fotógrafos Emil Otto Hoppé e Arno Fischer.
E depois, regressando ao lar, com os pés cansados de tanto palmilhar, lá somos recebidos num ambiente tão quentinho que até podemos dormir com um edredon levezinho e andar em pelota por toda a casa! Ora digam lá se assim o Inverno não vale a pena?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Previsão de estado do tempo para os próximos dias:

Temperaturas
No Porto? Não! Onde? Isso agora... Até já!

2feira com Vive La Fête em loop!


Extracto do filme "J'ai tué ma mère", de Xavier Dolan, o mesmo realizador do filme referido no post anterior. E a música viciante dos belgas Vive La Fête, a dar um colorido especial a uma 2feira chuvosa e gelada.

sábado, 27 de novembro de 2010

Are you ready to be heartbroken?

Les amours imaginaires
Les amours imaginaires
E de repente há alguém que nos abala, que nos dá vontade de dar o melhor de nós, que nos faz inventar programas para o dia seguinte, que nos põe a pensar em prendas para oferecer, que nos ofusca a racionalidade, que nos faz desejar suspender o tempo, que nos põe eternamente à espera de um sms, que nos dá tusa, que nos faz sentir nas nuvens com um pequeno "olá", que nos faz acelerar o coração e tremer as pernas e que nos faz pensar "será que ele sente o mesmo eu?". É de tudo isto que é feito "Les amours imaginaires", filmado com uns belíssimos slow motions, grandes angulares e poucas profundidades de campo, acompanhada por uma banda sonora de nos pôr a suspirar de amor. Bons ventos que vêm do Canadá!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ouvido na rua - III

Monólogo a três, na mesa do lado de um restaurante dos subúrbios do Porto:
"Eu só leio o primeiro e último capítulo de cada livro e percebo a história toda (...) Eu cá manjo tudo o que começa com 'star': Star Trek, Star Wars... até sei insultar em klingon! klu$ftpaft%... Sabes o que te chamei?! Idiota!! Eheh!"

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

De cara a la pared

foi talvez a nossa última canção.

oiço ainda os corpos a vincar a noite,
um campo minado de corações tristes
explodindo o rosto na parede.

muitas músicas depois
quando as paredes eram já outras
e nas caras se perdiam novos nomes

voltei a ela: ficara-me sempre, afinal
um terrível verso solitário
e a culpa de a ter levado

a um coração onde as canções
morreriam de frio.


"small song", de renata correia de botelho

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amor gastronómico

(..) I like fried chicken, you know it's true
But there's no sweeter meat in the world than you (...)

"Gimme Some", Ninna Simone

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ET em Lx

Querem sentir-se uns verdadeiros ETs? Experimentem pedir em terras alfacinhas uma meia de leite de cevada!

Lx 11 (2º round)


Sta Apolónia, metro, escadinhas do Duque, aniversário da R., pessoal animado, Associação Cultural Bacalhoeiro, dançar, dormir, amar, "Lisboa que amanhece", brunch na Praça das Flores, negócios no El Corte Inglés, passeio no Bairro Alto e Chiado, chocolate quente, o conforto da casa de B., o jantar com Olho no Pé Branco de 2009, o susto do incêndio nos Caldeireiros, conversas até de madrugada, a chuva e o vento que nos deixa como uns "pintos", o abraço de A.P., o Miradouro da Senhora do Monte de S. Gens, o reforço do pequeno-almoço, mini-workshop improvisado de kusudamas, negócios na Coisas do Arco do Vinho, exposição de fotografia "África: See you See me", os pavões dos jardins do Museu da Cidade, as peças de Bordalo Pinheiro/Joana de Vasconcelos, a pastelaria Versailles, Devesas.

"Lisboa que Amanhece", Sérgio Godinho e Caetano Veloso

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lx 11

Lx 11 - 1
Lx 11 - 2
Santa Apolónia, os abraços desejados, conversas sobre amores e desamores, o ritual da Feira da Ladra, três pratos e uma taça, a esplanada do Campo de Santa Clara, almoço na Graça, B. e o seu pequeno G., Parque de Monsanto, a alegria e vivacidade contagiantes de G., os parques infantis cheios de pequenada, a ponte 25 de Abril iluminada pelo pôr-do-sol, a broa-doce do Restelo, o concerto surpresa de Wim Mertens, a boa disposição e segurança de M., restaurante "O Prado", comer sapateira e gambas até à 1h30 da manhã, mais conversas sobre amores e desamores, adormecer às 4h, Á. na Brasileira, a exposição de arquitectura no Museu do Chiado, o laboratório do Museu de História Natural, a cinematográfica casa de Á., pizzas de bacon e anchovas de almoço e banana com iogurte de sobremesa, as casas do Príncipe Real, o chocolate quente, a escolha do novo edredon de Á., um até já, Gaia-Devesas.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mais uma campanha de recolha de alimentos...

... do Banco Alimentar Contra a Fome. Desta vez realizar-se-á nos dias 27 e 28 de Novembro de 2010. Quem se junta?

sábado, 16 de outubro de 2010

Estou tramado!

É verdade, no espaço de duas noites já sou fã do TRAMA! Como não descobri este festival mais cedo?! Acabo de regressar de um passeio electroestático pelas ruas da baixa da cidade, de amplificadores de sons electroestáticos nos ouvidos, espantado pela profusão de fontes sonoras que nos escapam todos dias e maravilhado com os ritmos dançáveis que os alarmes das lojas nos podem proporcionar.
Cansado com o passeio mas ainda com vontade de mais animação lá fui de seguida ao sétimo piso do Clube de Bridge do Porto escutar os divertidíssimos Dirty Honkers, com o Porto aos nossos pés, contemplado de um terraço xxl.
Ontem foi a vez de conhecer o Manifesto Futurista escrito há 100 anos pelo Marinetti, agora transformado numa ópera-digital. E os claustros do Mosteiro de São Bento da Vitória sempre belos!
Depois toca a rumar Caldeireiros abaixo até um portão gigante que me levou para um triste armazém-loft ansioso por ver caras novas. Lá escutei as cartas e postais que António Contador foi recebendo de amigos e familiares e que decidiu lê-las e destruí-las à nossa frente, para que um dia, à sua morte, não caiam nas mãos de um feirante de velharias que as irá vender numa qualquer feira da ladra.
O festival continua por mais dois dias, mantendo uma programação rica e diversificada. Aproveitem enquanto há. Para mim já acabou. Pró ano há mais, se os organizadores quiserem.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Yo soy como Portugal


Yo soy como Portugal, todos me descubren tarde y mal
Un país sin visitar, hacia el final,
al que nunca da tiempo a llegar

Lo que tenemos yo y mi amigo Portugal
es que parece que lo nuestro siempre lo hay mejor o igual en cualquier otro lugar
Y es que a mí, como a ti, amigo Portugal
son pocos los que quieren venirme a investigar
Na na na na na na na

Yo soy como Portugal, todos me descubren...

Lo que tenemos tú y yo, amigo Portugal,
es que da igual que yo me arregle
o que tú cada verano montes más de un festival

Quem visita o Alentejo?
Quem conhece o rio Mondego?
Demasiado ninguneo

Yo soy como Portugal, todos me descubren...
Portugal, Portugal, Portugal, yo te iré un día a visitar
Paredes, Porto, Setúbal, Odemira y Sabugal
Portugal, Portugal, Portugal, yo contigo siempre en soledad
tú y yo juntos tan felices, no hará falta nadie más.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Contracorrente


Uma aldeia piscatória no Perú, um mar de azul intenso, praias solitárias, um pescador e um pintor, um amor escondido, correntes marítimas imprevisíveis, os preconceitos da comunidade, as tradições religiosas e a morte. São estes os ingredientes que constituem Contracorrente, mais um bela surpresa vinda da América do Sul.
Recomendo que não seja visto a um domingo à noite, sob pena de agravar eventuais estados de alma melancólicos.

domingo, 10 de outubro de 2010

O minuto azul


Rohmer, no seu "Quatro aventuras de Reinette e Mirabelle" conta-nos que na natureza o silêncio é praticamente impossível de se ouvir, com excepção num determinado momento do dia. Esse período, que pode durar cerca de um minuto, mais coisa menos coisa, corresponde aos pequenos instantes que antecedem o nascer do sol, quando os animais nocturnos, como as corujas ou as rãs, iniciam o seu descanso e os animais diurnos, como as andorinhas ou os pintassilgos, ainda não despertaram do seu sono. Ainda não pude confirmar a veracidade desse fenómeno mas que é belo imaginar a sua existência, lá isso é!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

1ª Etapa: missão cumprida!


Quatro semanas de intenso trabalho e missão cumprida! Hoje é oficialmente inaugurada a primeira casa dos Caldeireiros, com a entrada da hóspede espanhola, estudante de Erasmus, que ficará por lá (se tudo correr bem!) até aos primeiros dias do próximo verão.
Um obrigado a todos os que, de uma forma ou de outra, nos ajudaram a empreender este projecto. Todas as ideias foram bem-vindas e as mãos nunca foram demais para ajudar. E um obrigado muito especial ao pai Acácio que, com o seu enorme jeito para o bricolage, o seu entusiasmo e jeito para os improvisos, nos deu uma preciosíssima ajuda em todos os momentos.
Das constantes visitas às lojas dos Emaús, Reto à Esperança e Remar, às feiras de velharias e aos sites de usados conseguimos equipar a casa de forma económica e não-IKEA. E tornei-me um adepto da reciclagem e da reutilização!
Aviso que as reservas já estão abertas para os meses de verão. Aceitam-se hóspedes que queiram passar uns dias de férias no centro histórico do Porto e (re)descobrir os seus encantos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Os Caldeireiros em working in progress


À medida que a cor vai preenchendo as paredes e as janelas enferrujadas voltam a abrir-se para pátios alheios, o coração é irremediavelmente conquistado pelos sedutores encantos desta casa. Agora só precisamos que gostem dela e que alguém queira ir para lá morar. Quem se candidata? Já temos inquilino!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Foto Figueiredo


Dois bons amigos casaram-se e endereçaram-me um convite para ser o fotógrafo semi-oficial de tão aguardado acontecimento. Orgulhosamente aceitei o convite, sem no entanto recear que o resultado poderia não ser o esperado.
Fiz algum trabalho de casa, inspirando-me em quem sabe fazê-lo bem. Mas, chegado o dia, algum nervosismo e embaraço tomaram conta de mim e não fui capaz de revelar a destreza e perspicácia necessárias para captar alguns dos momentos mais importantes da festa. Felizmente não faltaram câmaras fotográficas, trazidas pelos convidados, e a responsabilidade de estar a meu cargo o registo da festa diluiu-se. Ao menos espero ter aprendido com os erros cometidos. O problema é que, pela experiência do passado, talvez só daqui a seis anos volte a ser convidado para um matrimónio!

Mais um


"Just another ordinary day", Patrick Watson

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Daddy longlegs ou os miúdos que vão buscar alecrim


Tomem um comprimido anti-enjoo e vão depressa para a sala de cinema antes que o filme desapareça. "Vão-me buscar alecrim" conta a história de Lenny, um pai por 15 dias, que vê os seus miúdos apenas uma vez por ano. Nesse curto espaço de tempo tenta dar-lhes o seu melhor, mesmo que esse melhor seja visto por todos os que o rodeiam como uma grande irresponsabilidade. Mas seria possível dar algo de diferente olhando para quem é e para a vida que tem? A ternura por esse pai vai crescendo à medida que vamos partilhando com ele as suas aventuras, umas vezes trágicas e outras vezes cómicas. Os miúdos, esses, apesar de todas as suas marotices, é impossível não perdoar-lhes. E a cidade de Nova Iorque quase sempre em pano de fundo, filmada com um "não sei quê" de John Cassavetes.
Ah, o comprimido pode ajudar a minimizar o enjoo provocado pelos movimentos de câmara, demasiado presentes, e que pode comprometer largamente a fruição deste filme.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Músicas de fazer arrepiar - 17


"Não é fácil o amor", Janita Salomé

Major Tom, tinhas razão! :)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Os Caldeireiros


Eis que aparece ele, encavalitado no meio de outros edifícios-irmãos que esperam lentamente por dias menos melancólicos. Faz precisamente uma semana que as nossas assinaturas passaram a constar dos velhinhos registos desse prédio centenário. A avalanche de atrasos, peripécias e surpresas menos boas acompanharam-nos até ao último instante, antes da formalização da sua aquisição, e sugou-nos a alegria que poderíamos sentir por termos cumprido a primeira etapa de tão grande projecto. Agora está na hora de olhar para as paredes e divisões, de planear, de visitar as lojas de bricolage, emassar paredes estaladas pelo tempo, pintar, lixar, embelezar e voltar a colorir espaços acinzentados pelo tempo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A primeira colheita e o último (?) banho morno no Tua



Os preparativos na adega estão feitos; tudo bem esterilizado e desinfectado. A primeira colheita de uvas do ano está feita; pequenas uvas brancas que guardam aromas e sabores a fruta fresca. E ainda se arranja tempo para limpar nas águas menos mornas do Tua o odor a enxofre que toma conta dos poros da nossa pele.

Quatro anos de Micas


E agora, aos primeiros sinais do nosso despertar, somos brindados com o afecto dos seus ronrons de saudação matinal.

sábado, 28 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Optimismo nas ruas da amargura

Não há optimismo que resista às notícias de que as abelhas estão a desaparecer aos magotes e que ainda ninguém descobriu o porquê.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ouvido na rua - II

Um turista contemplando as mansardas de um edifício, no cruzamento da rua de Santa Catarina com a rua Passos Manuel, no Porto:

"Las personas que construyeron estos edificios solo pueden ser bellas!"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Afinal o Algarve, em Agosto, pode ser belo

O Algarve belo 1
O Algarve belo 2
Nota: Não se preocupem porque as conquilhas foram devolvidas ao fundo do mar ;)

O cinema anda agarrado às máquinas

Enquanto continuam a abrir bares, restaurantes, tascas e o "diabo a quatro" e as ruas enchem-se de carros em cima dos passeios e garrafas de cerveja, desaparecem de vez as principais salas de cinema "alternativo" do Porto e arredores. Resta-nos a mini-sala do Campo Alegre, insuficiente para a quantidade de estreias interessantes que andam a correr mundo e uma ou outra iniciativa de um cineclube universitário ou de um apaixonado pelo cinema. Essas iniciativas não deixam de ser louváveis mas não substituem a existência de salas grandes e com programação regular diferente daquela que é oferecida até à náusea pelos multiplexes. Quem fecha salas alega falta de público mas não quero acreditar que no Porto só haja pessoas que gostem filmes "apipocados". Será que nos restam os downloads manhosos? Apenas sei que já perdi a esperança de ver o novo filme do Honoré num grande ecrã.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ouvido na rua - I

Uma senhora muito exaltada ao telefone, na esquina da Rua do Bonjardim com a Rua Fernandes Tomás, no Porto:

"Tu não me dês com o foda-se! Tu não me dês com o foda-se!"

terça-feira, 27 de julho de 2010

Amanhecer no Penedo Durão

Penedo Durão
Curvas e contracurvas levam-nos preguiçosamente ao cimo dos 700m do Penedo Durão. Já se faz tarde e os trinta minutos de viagem imaginários transformam-se em hora e meia de uma viagem bem real. Uma lua quase cheia ilumina-nos o caminho e faz-nos entrever estradas sinuosas e vales profundos e apertados. Lá chegados acima o silêncio é apenas quebrado pelos grilos cantantes. É hora de fazer um reconhecimento do local, escolher o melhor sítio para estender os sacos-cama e esperar pelo momento mágico. O sono é demasiado leve e não deixa nem corpo nem mente descansarem. As estrelas brilham lá no alto. A brisa quente de leste transforma-se num vento cada vez mais fresco nos minutos que antecedem a aurora. Eis chegado o momento! Esquecem-se bocejos e preguiças, arranja-se um bom poiso e espera-se que o raiar ilumine as montanhas que se estendem aos nossos pés. O Douro parece um regato e a barragem de Saucelle uma peça de Lego. Os grifos despertam e brindam-nos com as suas danças lentas e majestosas. E mais palavras para quê?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Céu salgado


"Cel Salat", Maria Coma

010101010101....000000000000

Ultrapassado o choque e tristeza inicial, lentamente vou conformando-me com a possibilidade de ter perdido para sempre praticamente todas as fotografias que tirei nos últimos três anos.
O disco externo decidiu encravar e guardar para si tudo o que lá tinha; fotografias, música e muitos outros ficheiros que aos poucos vão-me fazendo falta. E logo agora que estava a começar o processo de criação de backups dessa informação...
Há a possibilidade de recuperar o seu conteúdo, mas só batendo à porta de uma dessas místicas empresas de recuperação de dados e desembolsando entre 500 a 1000 euros. Por isso, deixo aqui um apelo a quem conheça alguém que trabalhe numa dessas empresas; faço favores sexuais em troca da recuperação da informação do disco :P
Ainda pensei em recorrer ao reiki mas tenho receio que desmagnetize o disco!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

"LGBT, liberdade sexual! LGBT, liberdade sexual!"

Os rapazes na marcha
No sábado passado lá regressei eu à marcha lgbt do Porto, pela quarta vez consecutiva. Apesar de dizerem o contrário, na minha opinião não fomos tantos como no ano passado ou então estivemos um pouco desorganizados, mas nem por isso foi menos divertido, ou eu não estivesse muito bem acompanhado. Velhos e novos amigos juntaram-se à festa, o que deu uma alegria redobrada ao evento, tornando-a muito especial. E para acabar o dia em beleza, nada como ir dançar Lady Gaga para o Lusitano!

domingo, 4 de julho de 2010

Cabeceiras 2010: o regresso

Cabeceiras 2010
Ainda em rescaldo do fim de semana passado na casa de Cabeceiras, sinto o cheiro a rio que emana do meu corpo trôpego e uma sensação de bem-estar apodera-se de mim. Mataram-se as saudades do espaço e de bons velhos amigos e deram-se as boas-vindas aos novos membros desse lugar mítico. As conversas foram fluindo à volta de uma mesa repleta de boas comidas, enquanto íamos nos entregando lentamente aos sabores intensos do Olho no Pé fresquinho, garrafa após garrafa, desinibição após desinibição, gargalhada após gargalhada, até ao sono colectivo final. Para quando fica o novo encontro?

sábado, 3 de julho de 2010

Guapuuu!

Ò.
Duas vezes por ano somos brindados matematicamente pelo solstício do sol e pela visita de Ò. Consigo chegam os seus ¡hola! graves e guturais e uns abraços que nos afagam os cinco sentidos de uma só assentada. Na sua mala encontram-se roupas de mil cores e padrões. Os seus conhecimentos musicais enchem-nos de novos ritmos e sons. A sua memória revela sempre novas histórias para contar. E as suas inseguranças são transformadas em chistes e gargalhadas cúmplices.
Na sua presença sinto-me de novo em férias, "apenas" interrompidas por sete horas diárias de robotização. Assimilo mais umas quantas palavras novas e dou por mim a pensar em castelhano e a aportuguesar umas quantas expressões que bem jeito davam.
É tempo de ver tudo e todos porque ele esgota-se, os afectos são imensuráveis e o "cutrefly" já está marcado , de regresso às terras do nascente. "Até já, lindo!"

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ironias em pelota

Na mesma semana em que é inaugurada mais uma loja de roupa na baixa do Porto, onde se podia ganhar um guarda roupa completo aos primeiros que entrassem nus na loja, somos importunados por um talibã nortenho numa praia de Afife que, no meio do nevoeiro denso, lá reparou que estávamos de nádegas ao léu! Sim, que há crianças por perto e é razão para chamar a polícia marítima! Já agora, quando será aprovada a nova lei?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Festas de Lisboa 10

Festas de Lisboa 10
Festas de Lisboa 10
Santo António à maneira é passado de manhã na feira da Ladra em busca de preciosidades pop, de tarde na cavaqueira com amigos, jantar cabrito massala no paquistanês do Martim Moniz e emocionar-se com o Sérgio Godinho, num concerto como deve ser, num palco improvisado, ao ar livre de uma rua familiar de Campo de Ourique. No dia seguinte, é correr directo para os jardins do Palácio de Queluz, fazer um piquenique, deambular pelos jardins melancólicos, imaginar a D. Maria a navegar num barquinho no canal feito de azulejos e com as águas da Ribeira do Jamor, colher ervas aromáticas e trazer para casa uma menos simpática carraça! E pronto, lá acabaram as férias...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O que falta em cerejas, sobra em camomila

O que falta em cerejas, sobra em camomila
É tempo de ver como as videiras-bebés estão a crescer e de remexer as borras finas das barricas onde repousam os futuros Olho no Pé. Ao lusco-fusco apanham-se apressadamente as poucas cerejas que espreitam entre as folhas, antes que as chuvas as estraguem de vez. E assim se passa a segunda etapa das férias.

Galiza 2010

Galiza 2010
O camping silencioso, a complexa montagem da tenda nova, o som do vento nas folhas das árvores, a companhia nocturna da pastora alemã Bonnie, o despertar dos pássaros cantores, o mar sereno e azul, as caminhadas para a frente e para trás no areal da Barra, a companhia do sr. Silva e dos seus amigos do lar "Feliz Idade", as sestas retemperadoras, os piqueniques improvisados, o calor que aperta, o sol que deixa a nuca vermelha, os peixes pescados pelo mais que tudo, as sombras do pinhal da Barra, os pores-do-sol a dois, o odor emanado pela pele durante o duche, os jantares à luz de leds, os afectos, a repetição de rotinas descontraídas, os caminhos que vão dar ao farol do Cabo Home, as Cíes no horizonte, os conselhos horticolo-meteorológicos da Radio Galega, o parque das dunas de Corrubedo e as tapas da tasca de Cangas. Assim passou a primeira etapa das férias grandes.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Angústias laborais

Depois de quinze dias com o botão desligado, cá estou eu de regresso às rotinas laborais. Uns minutos antes de sair de casa, volto a sentir-me como um puto de oito anos que odeia o professor e não quer ir para a escola. Enquanto devoro os flocos do Minipreço, misturados com sementes de linhaça, farelo, cevada e sementes de sésamo, eis que leio o seguinte:

"o trabalho não foi feito para o homem mas sim para os asnos. Mesmo um pequeno esforço pode, porventura, dar prazer algumas vezes, uma vez que não seja um trabalho. Um esforço gratuito pode tornar-se útil e simpático, mas o trabalho, pelo contrário, é uma coisa inútil e modifica a imaginação."

Em "A Ilha de Arturo", de Elsa Morante (Relógio d'Água, 2010).

Esboço um sorriso pela ironia do acaso, lavo apressadamente a tigela e preparo os Deolinda para me atenuarem da angústia que invade os meus sentidos. Prá frente que é caminho!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Recolha de alimentos - 29 e 30 de Maio


Pela terceira vez, lá estarei eu, junto de centenas de outros voluntários, na recolha de mais umas toneladas de alimentos que farão o conforto de milhares. Da próxima vez experimentem. A sensação de missão cumprida supera largamente o cansaço que se possa sentir depois de terem passados tantos quilos de alimentos pelas vossas mãos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Solidão

Rio Vouga, Sernada do Vouga

"Nocturne No.1 in B flat minor, Op.9 No.1" de Chopin, pela Maria João Pires

terça-feira, 18 de maio de 2010

Guten Morgen a tod@s!


"Guten Morgen, Sonnenschein", Nana Mouskouri

Vá, não fiquemos demasiado contentes e toca a trabalhar - os que ainda têm emprego - para pagarmos as dívidas. Sim, que os amiguinhos alemães estão de olho em nós e ainda nos dão tau-tau se nos portarmos mal!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Porto em duas rodas não motorizadas

Jardim Botânico do Porto
Aviadores, Avenida da República, Ponte Luís I, São Bento, Clérigos, Cordoaria, Rosário, Cedofeita, Rua da Boavista, Rotunda da Boavista, Avenida da Boavista, Campo Alegre, Jardim Botânico, Praça da Galiza, Jardins do Palácio de Cristal, Restauração, Massarelos, Cais das Pedras, Miragaia, Túnel da Ribeira, Ponte Luís I, Ribeira de Gaia, Caves, Aviadores. Olho para as ruas e edifícios de outra perspectiva. Ensaio futuros (?) caminhos para o novo local trabalho. Cheiro flores e espreito as estufas abandonadas do Jardim Botânico. Saboreio um arroz de pato na Alicantina. Dormito no Jardim dos Sentimentos. Como um gelado à beira-rio. Total do percurso: 16kms

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Puta que pariu o Papa e o Défice Orçamental!

BRIEF Magazine (refresh, refresh, refresh, refresh, refresh e mais refresh)

O casario da Vitória


Bairro da Vitória, Porto. A torre escura espraia-se lá no alto e o casario encavalitado, com os seus alegres telhados laranja, desce quase quase até à beira Douro. De momento este é o cenário de muitas inquietações, ansiedades, certezas e incertezas, planos, medos, alegrias, sonhos, projectos e tudo o que mais se pode imaginar. Mas, como dizia o outro, "prognósticos só no fim do jogo".

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Porto 2010

Vem nos saborear
É preciso andar-se muito distraído para não darmos conta que a cidade do Porto anda a sofrer uma pequena revolução. Depois de décadas de marasmo e de completo abandono do centro histórico, parece que é desta que vai recuperar a vida de outros tempos.
As fachadas dos edifícios são limpas e os interiores remodelados. Ao anoitecer as luzes acendem-se nas janelas. Os estudantes, artistas e jovens em início de carreira vivem em mini-casas. Mulheres de véu saem do talho hallal da esquina com as compras feitas. Montam-se esplanadas nos largos passeios e nas praças renovadas. Abrem-se novos bares, restaurantes, lojas gourmet e um comércio dito "alternativo", mas que se torna cada vez mais a norma. Reabrem-se salas de cinema antigas. A programação cultural adensa-se e já justifica o lançamento local da revista Time Out. As feiras de artesanato urbano e de velharias pululam por praças, ruas e caves de prédios. Os turistas chegam em maior número, transportados pelo polvo Ryanair que cresce sem parar. Hotéis e hostels proliferam como cogumelos, na ânsia de conquistar os turistas que se esperam para os próximos tempos. Os autocarros de sightseeing sobem e descem preguiçosos as apertadas calçadas de granito. São afixadas placas de imobiliárias em edifícios sombrios, cemitérios de pombas, gatos e outros seres indecifráveis. A Câmara comanda a reabilitação de quarteirões inteiros, emparcelando edifícios que, originalmente, foram construídos por famílias rivais. Esventram-se miolos e projectam-se novos apartamentos que serão vendidos a preços da Foz. Entretanto escuta-se o som reconfortante das gaivotas, que passam rasantes aos telhados do velho casario.
Será que a autenticidade da cidade aguentará tudo isto? Conseguirá resistir à vontade fácil de se transformar em mais uma Disneyland?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

La dame du portefeuille

A carteira roubada em 'As Ervas Daninhas'
E não é que um simples roubo de uma carteira se pode tornar num belíssimo momento cinematográfico? Não será certamente qualquer realizador a fazê-lo bem. Mas Alain Resnais sabe muito bem o que faz no seu "As Ervas Daninhas". Bom, mas na verdade não estamos a falar de um acontecimento assim tão insignificante, mas sim do mote que levará duas pessoas a cruzarem-se e a encetarem uma pouco convencional história de amor que, de outra forma, talvez nunca tivesse florescido. Por isso este roubo teria de ser mesmo um momento surpreendente. E sem dúvida que é. Tal como é, uma vez mais, o desempenho de Sabine Azemá e André Dussollier, e do seu mestre Resnais.

Músicas de fazer arrepiar - 16


"10 Mile Stereo", Beach House

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Castro Marim 2010

Castro Marim 2010
OPO-FAO, Interrent, VW Polo, EN 125, Olhão, mercado, cores, odores, bolinhos de alfarroba, espargos, tomates, cebolas, laranjas, tangerinas, peixe-porco, raia, pão, o sol, Cacela Velha, o mar, Quinta da Fornalha, a Casa Amarela, a sesta, a brisa quente, as flores, Castro Marim, as músicas retro da rádio M80, o embalar dos grilos, a rota pelas aldeias da raia, as águas barrentas do Guadiana, a aldeia de Almada de Ouro, as paredes caiadas, o silêncio, 30ºC, o museu do rio na aldeia de Guerreiros do Rio, Alcoutim, o piquenique, Castelo Velho, estevais a perder de vista, os menires de Lavajo, as papoilas, a praia, o primeiro mergulho do ano, Nico a tocar no ipod, as salinas de Castro Marim, o pôr-do-sol, os flamingos, os companheiros vira-latas, a montanha gigante feita de sal, jantar ao ar livre iluminado pelo luar e pela luz das velas, o embalar dos grilos, pequeno-almoço preguiçoso, despedidas, Via do Infante, contra-relógio, FAO-OPO.

Músicas de fazer arrepiar - 15


"Uma Ilha", Deolinda

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ovo kinder para miúdos graúdos

Tenga Egg
Remove-se da embalagem, desembrulha-se, abre-se a casca, retira-se o interior, lubrifica-se com gel e... voilà, sensações indescritíveis de prazer! Chamam-se Tenga Egg e encontram-se facilmente numa qualquer sex-shop. Testado e comprovado ;)

Nota: Usar com moderação!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sentimentos à Nina Simone

Na rota de Manhouce

Na rota de Manhouce
Não vimos a Isabel nem escutámos a sua voz. Em contrapartida percorremos caminhos que a inspiraram. Cheirámos urzes e carquejas floridas, molhámos os pés em ribeiros frescos, espreitámos para dentro de estábulos feitos de granito, escutámos cucos, subimos e descemos calçadas esquecidas pelo tempo, contemplámos o verde de socalcos moldados por gerações e partilhámos sorrisos e conversas.
Obrigado à Esteva e aos "Toca a Caminhar" pelo convite!

sábado, 17 de abril de 2010

Transgenderismo de Maria

Terre Thaemlitz
Eu odeio religião. Odeio todas as religiões. Sem excepção. A vossa também. Odeio espiritualidade. Odeio todas as formas de viver espirituais. Odeio todas as formas de pensamento espirituais. Isto inclui espiritualismo secular, agnosticismo, superstição, astrologia, advinhação, leituras do carácter pessoal através do tipo sanguíneo, homeopatia, poder dos cristais, anjos, pessoas que racionalizam as suas crenças no vazio com a frase "ninguém sabe bem o que acontece depois de morrerem", e pessoas que acreditam que os Budistas nunca começaram uma guerra.

Nunca encontrei uma forma de espiritualidade que não envolvesse a reificação da ignorância individual e comunal. A espiritualidade mitiga a nossa incompreensão do material com contos sobre forças possuidoras de um conhecimento que consideramos faltar em nós próprios, muitas vezes personificado como seres ominipresentes. (...) A fé nos deuses é inseparável do nosso medo da confusão, do medo simultâneo do silêncio e do ruído, da nossa procura juvenil pela ordem onde a ordem não existe. (...) apresentar a fé como "a solução para o mundo de hoje" é fechar os olhos a séculos de dominação religiosa infernal que antecederam o fenómeno relativamente recente do Estado (na realidade, nunca muito) secular. A religião não é uma alternativa. É precedente. É tradição. É a nossa merda colectiva empilhada desde milhas de profundidade e ao longo de uma eternidade.


Quem o diz é Terre Thaemlitz, ou DJ Sprinkles como é conhecido nas pistas de dança, no concerto-conferência que deu ontem em Serralves, para uma pequena plateia curiosa por este multifacetado artista transgender.
No seu "Rosary novena for gender transitioning", explica-nos como, biologicamente, a procriação assexuada da Virgem Maria poderá ser interpretada como uma história de transformação de género.
Soube a pouco mas amanhã há mais!

terça-feira, 13 de abril de 2010

As fotos do Olho no Pé

Gourmet Magazine do El corte Inglés
E de repente, de uma só assentada, sai um artigo consideravelmente extenso (e sem grandes erros!) sobre os vinhos Olho no Pé e são publicadas, pela primeira vez, fotografias* minhas numa revista!

* Páginas 83, 85 e 86

sexta-feira, 9 de abril de 2010

La Belle Personne


E pelos vistos este filme não teve direito a atenção dos programadores das nossas salas de cinema. Valha-nos o tube! E pronto, lá fiquei outra vez com vontade de regressar a Paris e dar uns passeios melancólicos pelos jardins despidos e pelas ruas cinzentas. E recuperei o Alex Beaupain para o meu ipod.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Casa do Brasão

A Casa do Brasão
E à noite a Casa do Brasão acolhe-nos de braços abertos. Acende-se a lareira, preparam-se prolongadas refeições, partilham-se histórias, saboreiam-se paladares, escapam-se sorrisos, trocam-se afectos, dança-se ao som de Antony e adormece-se sob um céu estrelado.

Pequenas rotas alentejanas

A alvura de paredes com histórias para contar
No Alentejo percorrem-se caminhos marcados por rodas antigas, cheiram-se alfazemas em flor, escutam-se os badalos das ovelhas e vacas, colhem-se espargos selvagens, saltam-se cercas de arame farpado, contemplam-se montados e olivais, saltam-se ribeiras, conquistam-se castelos, escutam-se pica-paus, enternece-se com a alvura de paredes com histórias para contar, degusta-se pão alentejano de entrada e encharcada com nozes de sobremesa, descansa-se ao sol e recarregam-se baterias para os dias que virão a seguir.