sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A festa da animação


Contam-se pelos dedos das mãos os dias em que a Casa da Animação está aberta ao público para visionamento de filmes, por isso até ao próximo domingo toca a ir até lá! Estão previstos dezenas de filmes dos mais variados cantos do mundo, no âmbito da Festa Mundial da Animação. Eu já fui e esbocei grandes sorrisos consecutivos ao ver a curta que vos apresento mais acima ;)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

As vidas de Tónia e Agnès

Morrer como um homem
As praias de Agnès
Dois serões consecutivos de cinema deram-me a conhecer a história das vidas de duas mulheres, Tónia e Agnès.

Tónia é uma travesti da noite lisboeta e uma transexual com um processo de mudança de sexo em curso. Se o palco dá-lhe sucesso e momentos de felicidade, cá fora impera a solidão, a rejeição e a ânsia de quem quer amar e ser amada. O seu coração maternal fá-la perdoar os tormentos passados com a imaturidade do seu jovem namorado e acolher qualquer animal abandonado que se cruze com ela. É uma personagem ficcional, inventada pelo João Pedro Rodrigues mas inspirada livremente nesse mito das plumas que foi Ruth Bryden. "Morrer como um homem" é mais uma história filmada de uma forma surpreendente, por um realizador nada convencional. Desta vez dei por mim a não conseguir reter uma lágrima e a ficar bastante comovido com algumas das suas passagens. E que delícia onírica foi aquela apanha de gambuzinos, no meio de eucaliptos e mimosas!

Agnès é Agnès Varda. Ela mesma, a reparadora de redes de pesca, a fotógrafa, a realizadora, a costureira, a artista plástica, filha, mãe, avó, companheira, amiga, activista e tanta coisa mais. Ao chegar aos 80 anos de idade decidiu fazer um documentário sobre a sua longa vida. Um testemunho para deixar aos seus descendentes que, segundo ela, talvez não a conheçam na sua amplitude. Assim, surgiu "As praias de Agnès" porque os momentos mais significativos da sua vida passaram-se junto de praias. Que privilégio foi poder assistir a tão belo filme, repleto de momentos poéticos, que nos fazem sorrir vezes sem conta ou sentir aqueles arrepiozinhos de emoção. E melhor ainda foi poder vê-la ao vivo, a poucos centímetros de distância, de câmara na mão entre os espectadores, e escutar as palavras de quem viveu uma vida repleta de emoções e afectos. O problema é que agora apetece-me ver toda a sua filmografia e o Porto ainda não tem cinemateca, apesar das promessas e promessas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Porno na adega

No frenesim báquico de uma adega em tempo de vindimas, por vezes o pensamento descai-nos para estas coisas: que nomes ou expressões poderiam ser usados num filme porno gravado numa adega? Aqui vão alguns que me passaram pela cabeça:

"Aperta-me o gargalo"
"Orgia no lagar"
"Agarra-me no pipo"
"Toca-me no cacho"
"Prensa-me o engaço"
"Transfega-me todo"
"O teu macaco é maior que o meu"*

Aceitam-se mais sugestões! ;)

* Para quem não sabe o que é um macaco, posso tranquilizar-vos dizendo que é um instrumento feito de madeira que permite remover o mosto nos lagares.

domingo, 18 de outubro de 2009

12x Berlim

12x Berlim

Post-it cinematográfico

Em vésperas do arranque de mais uma Festa do Cinema Francês cá pelo burgo, tempo de apontar os filmes que não posso perder:

- Les Plages d'Agnès Varda (da Agnès Varda, pois está claro), dia 20 de Out;
- Parlez-moi de la pluie (da outra Agnès, a Jaoui), dia 25 de Out.

Já agora, agradecia-se que "Boxes", da senhorita Jane Birkin, passasse por estas bandas.

sábado, 17 de outubro de 2009

O amor pelas coisas belas v2.0

Bom, acho que já devem ter reparado que esta casa anda em pinturas e arrumações. Quase dois anos depois do seu início, "O amor pelas coisas belas" estava a precisar de uma lufada de ar fresco. Não estranhem se algumas coisas ainda não estiverem a funcionar ou se as páginas aparecerem um pouco estranhas. Aos poucos tudo será corrigido. Estejam atentos porque os próximos dias trarão ainda mais novidades.


Será que alguém ainda lê isto?...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bagas de Berlim

Bagas de Berlim
Mauerpark, Ernst-Thälmann-Park, Volkspark Friedrichshain, Märchenbrunnen, Tiergarten, Monbijoupark, Görlitzer Park, Treptower Park e Plänterwald. As ruas e jardins cobrem-se de folhas secas, de castanhas e bolotas que vão estalando debaixo dos nossos pés. Os corvos e os esquilos espreitam atrevidamente à nossa passagem. E as bagas enchem os arbustos de um colorido sem par. Isto sim é Outono!

domingo, 11 de outubro de 2009

Berlim mobiles

Berlim mobiles
Em terra de bicicletas e segways, são os velhinhos automóveis movidos a combustíveis fósseis que captam a nossa atenção. E o novo Trabi eléctrico, quando chega às estradas?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A sinfonia da minha Berlim

Auto-retrato berlinês
Auto-retrato berlinês

A minha Berlim é feita de quilométricas caminhadas solitárias e sem destino por ruas e avenidas de tamanho xxl; de coloridas bagas apanhadas nos jardins amarelecidos pela estação; do aconchego das carruagens do u-bahn que mais parecem a sala de estar das nossas avós; da deliciosa maçaroca de milho doce devorada debaixo de chuva, comprada no meio do corropio de sons e cheiros do mercado turco; dos piropos recebidos de uma puta enquanto bebia contente o seu Capri-Sonne; da ausência de zebras para atravessar as ruas; das horas passadas a vasculhar as bancas dos mercados de antiguidades, nos quais as crianças vão com os seus pais vender os brinquedos que já não querem; dos bonecos dos semáforos dos peões, sempre aperaltados com os seus chapéus; do acolhedor mini-apartamento com vista para o jardim das traseiras; da currywurst comida em frente da Porta de Brandenburgo, enquanto assistia aos festejos do Dia da Alemanha com o alto patrocínio da Coca-cola; pela surpresa constante de encontrar mais um belo grafitti, superando todos os outros anteriormente encontrados; de um céu estrelado que julgava ser impossível de ser visto numa cidade; do prazer de ver a obra de Pierre et Gilles a poucos centímetros de distância de mim; da vontade de aprender alemão para ler tudo o que me rodeia; da minha busca por um anjo que nunca encontrei; do arrepio sentido ao contemplar a grandiosa Porta de Ishtar, uma das oito entradas da antiga cidade da Babilónia; da companhia das árvores, sempre presentes seja para que lado nos viremos; das mantas que aquecem as pernas de quem teima preferir as agradáveis esplanadas ao interior dos igualmente agradáveis cafés; das singulares lojas de Prenzlauer Berg e Friedrichshain espreitadas vezes sem conta; das imponências esmagadoras da soviética Karl-Marx-Allee, da burguesa Unter den Linden e da hi-tech Postdamer Platz; das flores cheiradas nas floristas geridas pelos chineses; da angústia sentida na sombria Torre do Holocausto, do Jüdisches Museum; da fonte dos contos de fadas, de Märchenbrunnen, iluminada pelo luar; e da sensação de liberdade e de saudade sentida. Entranha-se e muito!