domingo, 10 de julho de 2011

Γαύδος: o regresso

Gavdos 2011
Γαύδος continua igual a si mesma. Dois anos depois, procurámos as diferenças e foi essa conclusão a que chegámos. O tempo continua condicionado pela incerteza da partida ou chegada dos barcos, que podem ficar reféns de um vento oeste quente e agreste. Ai se as nossas nortadas fossem assim! As mesmas noites iluminadas pelas estrelas e pela luz do candeeiro a petróleo. As praias desertas, onde nos podemos refugiar silenciosa e solitariamente durante um dia inteiro. E não é que até uma cama de rede pode ser encontrada debaixo da copa de um zimbro, prontinha a ser ocupada? Os mesmos caminhos aromatizados que nos conduzem perigosamente por mais uma falésia ou nos fazem atravessar antigas aldeias e campos outrora cultivados. Um mar azul sem fim, que nos faz imaginar batalhas travadas e conquistas alcançadas por um sem fim de povos e civilizações. Os mesmos seres errantes que deixaram as suas cidades e empregos de fato e gravata e encontraram novos lares, por tempo indeterminado, construídos com destroços trazidos pelo mar. As centenas de cabras que nos cumprimentam amedrontadamente nos sítios mais improváveis. As cabras estão para Γαύδος como as vacas para os Açores; há sempre uma a fazer contorcionismos. E o mesmo estado de alma, compreendido por muitos que tiveram a oportunidade de conhecer esta ilha, e impossível de explicar por palavras ou fotografias.

Γαύδος - Gavdos

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