quarta-feira, 1 de junho de 2011

A força da vida


Ando desatento às coisas belas que me rodeiam. Tão desatento que deixei escapar de uma só assentada dois espectáculos que a Tanztheater Wuppertal trouxe recentemente à cidade do Porto. Restou arrastar-me, algo céptico, para o multiplex mais próximo a fim de ver o que o Wenders tinha para nos mostrar sobre a coreógrafa.
Bastou passarem poucos minutos para perceber que a tecnologia 3D, bem usada, pode ser uma ferramenta surpreendente de apelo aos sentidos. Arrepio, atrás de arrepio, lá fui assistindo aos testemunhos dos actores de Pina Bausch, feitos de poucas palavras e muitos movimentos, umas vezes em cima do palco que tão bem conhecem, outras vezes em cenários perfeitos, escolhidos pelo realizador. Para um míope, que não teve dinheiro para comprar bilhetes na primeira fila para o espectáculo que tive o privilégio de assistir há uma data de anos, este filme invadiu-me os sentidos com a poesia corporal que Pina soube partilhar de forma tão intensa, simples e bela.
Saí da sala de cinema com um sorriso nos lábios e com a vontade de ir saltitando de cadeira em cadeira ou refugiar-me debaixo de uma chuva quente de verão.

1 comentário:

Anónimo disse...

arrepiei-me com esta cena precisamente ! e a bailarina esteve por cá, vestida de vermelho, com bamboo blues ;)