quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Paradas, danças e manifs

© Jérôme Delatour / Images de danse
Fonte: © Jérôme Delatour / Images de danse

Anna Halprin é coreógrafa desde os anos 30 mas, dizem os entendidos das danças que a peça "parades & changes" é a sua obra cimeira e um marco na dança contemporânea. Não é de estranhar que esta coreógrafa de 88 anos (e ainda no activo!) seja pouco conhecida da maioria (eu inclusivé), uma vez que escolheu a mesma América conservadora em que viveu Harvey Milk* para desenvolver o seu trabalho, longe da visibilidade que Nova Iorque ou a Europa lhe poderiam dar. A mesma América que censurou esta peça durante 20 anos.
A pretexto do vigésimo aniversário da Fundação de Serralves e do décimo aniversário do museu homónimo, pude assistir à reinterpretação desta peça, agora designada por "parades & changes, replays", conduzida por Anne Collod e mais uma série de coreógrafos/performers. Faltam-me conhecimentos que me permitem dimensionar a sua importância e singularidade mas, uma coisa é certa, foi impossível ficar indiferente à magia de vários dos seus momentos (como o acima fotografado).
Sinto-me um felizardo por ter assistido a tão belo espectáculo, ainda para mais na companhia sempre revigorante dos amigos. E ainda para mais, aproveitando os últimos dias em que ainda sou considerado jovem e podendo ainda usufruir de alguns descontos. Agora só mesmo depois dos 65... :P

* Esqueçam de procurar onde está a marca do Gus Van Sant neste filme e concentrem-se apenas na história da vida deste activista, igualmente desconhecido da maioria e não menos importante para o enriquecimento social e cultural de todos.

Allegro energico e passionato...

Farol da Foz, Porto
... quarto andamento da Sinfonia nº4, em Mi menor, op.98 de Johannes Brahms.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Kusudama Venus: o resultado*

Kusudama Venus
* Daniel, aqui vai uma explicação mais detalhada do que são os kusudamas ;)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O desconcerto do vazio

Gena Rowlands, em Another Woman, de Woody Allen
E se um dia acordamos e, apesar de tudo o que vivemos, constatamos que temos uma vida vazia? E se, perdidos na rotina das obrigações e das decisões racionais, nos esquecemos do inesperado, do autêntico, do surpreendente? E se percebemos que passámos a vida a conter-nos, a racionalizarmos e a menosprezarmos as nossas verdadeiras emoções?
Marion (interpretada pela brilhante Gena Rowlands) não deu conta pela chegada dos 30s, não ficou angustiada com a passagem pelos 40s e com a chegada dos 50s talvez tudo se mantivesse serenamente podre se não tivesse escutado, por acaso, as confissões angustiantes e perturbadoras de uma mulher infeliz. A partir desse momento algo muda em si. As circunstâncias da sua vida e as opções tomadas são desconstruídas, dissecadas e reflectidas psicanaliticamente. De tal forma que facilmente saímos da sala de cinema desconcertados connosco próprios. Afinal de contas, não teremos todos receio desse vazio? Medo de que tenhamos desperdiçado a nossa vida?
Another Woman é um filme surpreendente, amargo, profundo e muito humano. No final, com uma pontinha de esperança. Na minha opinião, Woody Allen no seu melhor, na minha opinião algo inspirado no Bergman...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fausto de cartão postal

Ciclo de cinema neorealismo italiano

Il Bidone
Ainda no rescaldo da exposição, vista recentemente em Ferrol, foi lançado oficialmente esta semana lá por casa um ciclo de cinema do período neorealista italiano, com o visionamento de "Il bidone", de F. Fellini.
A ver se é desta que colmato algumas falhas graves que tenho com o cinema deste período. Mais filmes se seguirão nas próximas semanas. Quem quiser que se junte a nós, a cama é larga! :P

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Trocos para uns, a felicidade para outros

A Fátima tem 8 anos, vive na localidade de Namialo, em Moçambique e frequenta a 2ª classe na escola lá da zona. À semelhança de tantas crianças e adultos dessa região, vive numa casa sem água canalizada e saneamento. O pai é carpinteiro e a mãe trabalha no campo. Quando crescer gostava de ser professora. Enquanto eu e a miss.me pudermos, não será por falta de dinheiro que a Fátima não acabará os estudos básicos e chegar um pouco mais de perto do seu sonho.

Associação Helpo
Programa de apadrinhamento de crianças à distância
www.helpo.pt


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

... y ratas sin patas...


... que aparecem surpreendentemente dentro do nosso microondas!

Hay ratas de dos patas...

Desordens serenas

Caos Calmo
A primeira coisa que se pensa é: Nanni Moretti poderia ter feito este filme? Na minha opinião talvez sim, talvez não. A banda sonora claramente não tem a marca do realizador. Mas esta questão também não interessa nada para o caso. Na verdade Caos Calmo é um belíssimo filme, repleto de momentos de grande ternura. Talvez seja menos inspirado e um pouquito mais convencional do que se tivesse sido feito pelo Moretti.
A perda de alguém próximo não é fácil para ninguém. E por vezes é surpreendente e desconcertante a forma como reagimos a essas ausências de alguém que se quer muito, tenha sido ela deliberada ou não. Nada na vida é linear, porque havia de sermos nesse momento tão cruel?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

2009: O ano da Júlia


Et voilà, cá estamos no novo ano. As previsões foram superadas. Estes dias deram tempo para tudo. Para organizar a festa da passagem de ano, para dançar, para comer bem e muito, para provar novos vinhos, para tocar e abraçar os amigos, para rir, rir e rir muito até perder o ar, para sentir a Júlia mexer, para subir e descer as calçadas do Porto, para observar os troncos despidos das árvores, para contemplar o mar agitado, para organizar roupas de bebé, para conversar até de madrugada, para partilhar afectos, para ouvir fado, para fotografar grafitis, para sermos de novo crianças, para nos perdermos nos cafés, para espreitarmos as lojas, para nos abrigarmos da chuva forte, para irmos a museus, para fazermos planos, para nos esquecermos da vida. Que vontade de congelar o tempo!
Resta-nos recordar e esperar que 2009 continue tão bem como começou.