terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O desconcerto do vazio

Gena Rowlands, em Another Woman, de Woody Allen
E se um dia acordamos e, apesar de tudo o que vivemos, constatamos que temos uma vida vazia? E se, perdidos na rotina das obrigações e das decisões racionais, nos esquecemos do inesperado, do autêntico, do surpreendente? E se percebemos que passámos a vida a conter-nos, a racionalizarmos e a menosprezarmos as nossas verdadeiras emoções?
Marion (interpretada pela brilhante Gena Rowlands) não deu conta pela chegada dos 30s, não ficou angustiada com a passagem pelos 40s e com a chegada dos 50s talvez tudo se mantivesse serenamente podre se não tivesse escutado, por acaso, as confissões angustiantes e perturbadoras de uma mulher infeliz. A partir desse momento algo muda em si. As circunstâncias da sua vida e as opções tomadas são desconstruídas, dissecadas e reflectidas psicanaliticamente. De tal forma que facilmente saímos da sala de cinema desconcertados connosco próprios. Afinal de contas, não teremos todos receio desse vazio? Medo de que tenhamos desperdiçado a nossa vida?
Another Woman é um filme surpreendente, amargo, profundo e muito humano. No final, com uma pontinha de esperança. Na minha opinião, Woody Allen no seu melhor, na minha opinião algo inspirado no Bergman...

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