A curva do rio

Mesmo já tendo visto esta paisagem milhares de vezes, a sua beleza não me deixa indiferente. Sim, não estou a exagerar, milhares de vezes! Se pensar que nos últimos cinco anos, cruzo a Ponte D. Luís todos os dias úteis, pelo menos duas vezes por dia para ir e voltar do trabalho. E se pensar que nos cinco anos anteriores cruzei-a para ir para a faculdade, verão que não exagero nas minhas contas. Para não falar das inúmeras razões que me levaram a cruzá-la ao longo dos meus 29 anos de vida, a pé, de automóvel, de autocarro, de mota e de metro.
Não serei o único a gostar de contemplá-la, a contar pelas várias pessoas que viram a cabeça para ali perderem o seu olhar. Em que pensarão elas?
Confesso que tenho uma certa invejazinha de todas os turistas e pessoas que visitam a cidade e que pela primeira vez a sentem. Nunca poderei usufruir dessa sensação. Mas considero-me um privilegiado por poder ter essa curva do rio perto de mim. E penso que estranharia perder a sua presença se fosse viver para outro sítio qualquer.