quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aruitemo aruitemo

Aruitemo aruitemo
"Andando" é a história de uma família dita disfuncional (não serão todas?). Passa-se num subúrbio de Tóquio mas podia passar-se num qualquer lar de um qualquer continente. Temos um pai aposentado e silencioso, médico de profissão. Temos uma mãe, dona de casa, faladora e atarefada com os preparativos e as refeições que acolherão os dois filhos em sua casa. Temos um encontro anual, em que todos se reúnem em memória do filho que morreu há quinze anos na tentativa de salvar uma criança que se afogava. A eles juntam-se os respectivos maridos, mulheres, filhos e a tal criança que não se afogou e que agora é um jovem adulto de 22 anos, que tenta não se afogar pelo ritmo laboral imposto pelos dias que correm. Todos juntos irão tentar passar da melhor forma as cerca de 24 horas de reunião familiar, afastando decepções, escondendo medos e inseguranças, confrontando expectativas, constatando envelhecimentos e atenuando os abismos que a vida sulcou entre eles. E de repente uma borboleta amarela entra dentro de casa e presencio um dos momentos mais ternurentos a que pude assistir nos últimos tempos numa sala de cinema.
No fim torna-se inevitável pensarmos na nossa própria família e reflectirmos sobre os nossos abismos. Até que damos por nós a repetir uma expressão dita vezes sem conta pelo nossa nossa mãe.

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