quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Cai neve em Berlim!

Cai neve em Berlim!
No espaço de uma noite as ruas enchem-se de alguns centímetros de neve, cobrindo passeios, estradas, ramos das árvores, telhados, varandas, carros e baloiços de jardim. Mas a cidade não pára. Os eléctricos amarelos continuam a passar velozmente e os automobilistas sacam das suas pás para limpar a neve que se acumula nos pára-brisas. As escolas e comércios não fecham. As crianças saem alegremente à rua de trenó, puxadas pelos seus progenitores. Só as bicicletas parecem permanecer encostadas aos postes.
Os termómetros marcam -10ºC mas dizem-nos que a temperatura sentida corresponde a -15ºC. Mas não é que, com apenas duas camisolas interiores, uma camisola de lã, um casaco, um cachecol, um par de luvas e um gorro, até se aguenta perfeitamente o frio? Vamos mas é lá fora porque há muita coisa para fazer! Ver exposições de fotografia de Peter Lindbergh e Fred Herzog no C/O Berlin; admirar esqueletos de dinossauros gigantes no Museu de História Natural; percorrer jardins despidos e margens de rios gelados, iluminados noite dentro pela alvura da neve; comer as famosas wurst (salsichas) e beber glühwein (vinho quente) num dos inúmeros mercados que povoam praças e pracinhas da cidade; tirar fotografias p&B numa velhinha máquina Photomaton; perder-se nos corredores de um supermercado turco e ter vontade de trazer tudo para casa; vestir fatos de treino liláses ou calças de couro dos anos 80 em grandes armazéns de segunda-mão; provar comidas de sítios tão distantes como a Bulgária ou o Vietname; fazer bonecos de neve minimais ou travar batalhas de bolas de neve; espreitar para sarcófagos egípcios ou contemplar o busto da Nefertiti no Neues Museum; entrar e sair nas lojinhas acolhedoras do Prenzlauer Berg; percorrer as longas e austeras avenidas de passado socialista; suspirar pelo mobiliário anos 60 à venda nos mercados de velharias da Arkona Platz e do Mauerpark, e trazer para casa as possíveis relíquias que caibam numa mala 55x40x20; apreciar as esculturas e quadros à venda no grafitado edifício/galeria Tacheles; beber um bom vinho Spätlese e comer o que quisermos nas acolhedoras Weinerei, pagando apenas aquilo que achamos justo e ainda tendo como bónus um espectáculo burlesco divertidíssimo ao som de cantigas argentinas arrebatadoramente românticas; e voltar às exposições de fotografia indo à Berlinische Galerie ver fotos inéditas da Nan Goldin e ficar a conhecer trabalhos dos fotógrafos Emil Otto Hoppé e Arno Fischer.
E depois, regressando ao lar, com os pés cansados de tanto palmilhar, lá somos recebidos num ambiente tão quentinho que até podemos dormir com um edredon levezinho e andar em pelota por toda a casa! Ora digam lá se assim o Inverno não vale a pena?

4 comentários:

Fabi disse...

Ai amigo que saudades de tudo isso, dessas viagens!! Fiquei aqui suspirando! E sim, o inverno vale muito a pena, a gente tem que saber aproveitar da melhor maneira! Apesar de amar sol, praia, confesso que fico com uma pontinha de saudades do friozinho aconchegante da noite em casa! Meus edredons aguardam que eu coloque um ar condicionado em casa e possa relembrar um pouquinho tudo isso :P

Um dia vou a Berlim, cada vez fico mais curiosa! Ah, amei a parte do vinho e das salsichas :)
beijos calorosos!

Elis disse...

Amei seu blog. Parabéns!

Daniel J. Skråmestø disse...

Eu sou uma bola de berlim!

Venus as a boy disse...

Sim Fabi, tens razão! Só é pena que as casas portuguesas não sejam tão quentinhas! Fazia toda a diferença :)

Elis, obrigado pelas palavras e sê bem-vinda.

Daniel, desta vez comi as famosas bolas em Berlim mas acho que prefiro o recheio das nossas :) E quando vens comer uma francesinha? ;)