Nos meus tempos de miúdo recorria muitas vezes aos sinais do acaso para encontrar respostas às minhas dúvidas, incertezas e desconcertos interiores. A minha [quase total] descrença nos deuses, nos santos, nos astros, nas cartas, no poder da mente e em entidades sobrenaturais de qualquer espécie, levava-me a encontrar algum alento desta forma. Sim, porque isto de não se acreditar em nada tem que se lhe diga. É muito mais confortável e menos solitário agarrarmo-nos a algo que não seja facilmente explicável.
Assim sendo, esperava que a força do vento, o calor do sol, as folhas das árvores, a dança das nuvens, o número de passos, as matrículas dos automóveis, as folhas dos livros ou os desenhos geométricos das pedras da calçada me dessem as respostas que eu necessitava. Mas recorria a este esquema tendo plena consciência do seu absurdo. Mas todas as outras crenças não eram igualmente absurdas? Talvez por isso, não me lembre de ter deixado que as respostas condicionassem os meus actos ou decisões. Não passavam de conselhos.
Hoje, na minha já habitual caminhada para o trabalho, dei por mim a recorrer de novo aos mistérios do acaso. Se um determinado automóvel, que vejo praticamente todos os dias, se cruzasse por mim numa determinada esquina, teria a resposta que precisava para o meu desconcerto. Não vi o automóvel em causa e a resposta foi 'Não'. Qual era a pergunta? Bom, isso guardo só para mim. ;)
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