quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ironias em pelota

Na mesma semana em que é inaugurada mais uma loja de roupa na baixa do Porto, onde se podia ganhar um guarda roupa completo aos primeiros que entrassem nus na loja, somos importunados por um talibã nortenho numa praia de Afife que, no meio do nevoeiro denso, lá reparou que estávamos de nádegas ao léu! Sim, que há crianças por perto e é razão para chamar a polícia marítima! Já agora, quando será aprovada a nova lei?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Festas de Lisboa 10

Festas de Lisboa 10
Festas de Lisboa 10
Santo António à maneira é passado de manhã na feira da Ladra em busca de preciosidades pop, de tarde na cavaqueira com amigos, jantar cabrito massala no paquistanês do Martim Moniz e emocionar-se com o Sérgio Godinho, num concerto como deve ser, num palco improvisado, ao ar livre de uma rua familiar de Campo de Ourique. No dia seguinte, é correr directo para os jardins do Palácio de Queluz, fazer um piquenique, deambular pelos jardins melancólicos, imaginar a D. Maria a navegar num barquinho no canal feito de azulejos e com as águas da Ribeira do Jamor, colher ervas aromáticas e trazer para casa uma menos simpática carraça! E pronto, lá acabaram as férias...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O que falta em cerejas, sobra em camomila

O que falta em cerejas, sobra em camomila
É tempo de ver como as videiras-bebés estão a crescer e de remexer as borras finas das barricas onde repousam os futuros Olho no Pé. Ao lusco-fusco apanham-se apressadamente as poucas cerejas que espreitam entre as folhas, antes que as chuvas as estraguem de vez. E assim se passa a segunda etapa das férias.

Galiza 2010

Galiza 2010
O camping silencioso, a complexa montagem da tenda nova, o som do vento nas folhas das árvores, a companhia nocturna da pastora alemã Bonnie, o despertar dos pássaros cantores, o mar sereno e azul, as caminhadas para a frente e para trás no areal da Barra, a companhia do sr. Silva e dos seus amigos do lar "Feliz Idade", as sestas retemperadoras, os piqueniques improvisados, o calor que aperta, o sol que deixa a nuca vermelha, os peixes pescados pelo mais que tudo, as sombras do pinhal da Barra, os pores-do-sol a dois, o odor emanado pela pele durante o duche, os jantares à luz de leds, os afectos, a repetição de rotinas descontraídas, os caminhos que vão dar ao farol do Cabo Home, as Cíes no horizonte, os conselhos horticolo-meteorológicos da Radio Galega, o parque das dunas de Corrubedo e as tapas da tasca de Cangas. Assim passou a primeira etapa das férias grandes.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Angústias laborais

Depois de quinze dias com o botão desligado, cá estou eu de regresso às rotinas laborais. Uns minutos antes de sair de casa, volto a sentir-me como um puto de oito anos que odeia o professor e não quer ir para a escola. Enquanto devoro os flocos do Minipreço, misturados com sementes de linhaça, farelo, cevada e sementes de sésamo, eis que leio o seguinte:

"o trabalho não foi feito para o homem mas sim para os asnos. Mesmo um pequeno esforço pode, porventura, dar prazer algumas vezes, uma vez que não seja um trabalho. Um esforço gratuito pode tornar-se útil e simpático, mas o trabalho, pelo contrário, é uma coisa inútil e modifica a imaginação."

Em "A Ilha de Arturo", de Elsa Morante (Relógio d'Água, 2010).

Esboço um sorriso pela ironia do acaso, lavo apressadamente a tigela e preparo os Deolinda para me atenuarem da angústia que invade os meus sentidos. Prá frente que é caminho!